Pedro Correia, responsável de Negócio Internacional do Santander, fala sobre o papel da banca como parceira das empresas em diferentes mercados e geografias.
Quando falamos em negócio internacional, referimo-nos a uma parte do negócio que não tem como centro o banco, mas sim as empresas. As empresas que se vão estabelecer num mercado diferente do mercado português, através do movimento de compras e vendas para o exterior, da exportação e da importação.
Para o conseguirem fazer em condições, as empresas têm de ter parceiros que as ajudem no processo. Parceiros na parte logística, de levar os produtos, mas também na parte dos contratos de compra e venda. E é isto que as empresas portuguesas têm feito nos últimos 20, 30 anos, de forma consistente.
O papel da banca é ajudar as empresas a receber ou pagar em condições. Quando compramos alguma coisa ao balcão, é fácil fazermos essa operação: damos o dinheiro, levamos o produto. Mas quando dois parceiros estão a milhares de quilómetros de distância, tem de haver formas de reduzir os riscos que estão implícitos nessa troca.
Os bancos criar condições para reduzir esses riscos, para que as empresas tenham a certeza absoluta de que vão receber o dinheiro dos bens que enviaram para o estrangeiro.
É sempre necessário investir e melhorar o apoio da banca à internacionalização das empresas. Mas há vários pontos fundamentais para que um banco possa ser parceiro das empresas no negócio internacional, em mercados diferentes:
O Santander está presente em todo o mundo e isso é muito relevante para o negócio internacional. Foi isso que fez a diferença, nos últimos 10 anos, em várias situações.
Para emitir em mercados internacionais, emergentes, mas também muito complicados e diferentes do nosso, como África e Médio Oriente: o Santander teve a credibilidade necessária para as empresas poderem receber matéria-prima de que precisavam com urgência, ou para entrarem em concursos internacionais no Norte de África, por exemplo.
O negócio internacional das empresas portuguesas está numa fase de maturidade. Em 2008/2009, que foi um período muito difícil, as empresas portuguesas estavam presentes em 50 a 60 mercados de maior risco fora da comunidade europeia. Entre 2010 e 2015/2016, houve um esforço gradual das empresas para alargarem a possibilidade de comprar e vender em mercados cada vez mais longínquos, mais diferentes. E esse esforço foi seguido pelo banco.
Dois terços das exportações das empresas portuguesas são para mercados fundamentais na Europa: Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e Itália. Fora desse perímetro, há mercados tradicionais para as empresas portuguesas, como os países africanos em que se fala português, mas também o Sul de África, o Norte de África e o Médio Oriente – mercados que as empresas foram explorando gradualmente.
Tem havido um crescimento muito significativo e importante na relação com os Estados Unidos e com os mercados asiáticos, principalmente com a China e o Extremo Oriente.
À medida que as empresas vão para mercados mais difíceis, temos de conseguir mitigar cada vez mais os riscos. Uma situação difícil, por exemplo, é conseguir que um importador pague antes da mercadoria ser exportada. Por isso, temos vindo a desenhar produtos específicos de apoio às empresas, neste contexto.
Por exemplo, quando compramos um livro na Amazon, conseguimos fazer o tracking, ou seja, seguir o trajeto do livro desde que sai do armazém até que chega a nossa casa. Isto não era fácil de fazer em através de um pagamento internacional.
Hoje, através de uma inovação que colocámos no mercado em fevereiro, as empresas portuguesas já podem fazer o tracking de um pagamento feito por uma empresa na Índia, por exemplo, desde o momento em que o dinheiro sai do banco da empresa na Índia até que chega à conta que a empresa tem em Portugal. Ou seja, é possível avaliar e controlar a circulação do dinheiro, acompanhando o negócio a todo o instante.
Este acompanhamento constante é fundamental. O negócio internacional é um negócio que exige minúcia e muita rapidez. Imaginemos uma empresa portuguesa que vai exportar confeções para a Europa, mas compra a matéria-prima no Extremo Oriente: a negociação, a compra e o pagamento têm de ser feitos, muitas vezes, em 24h. O cliente pode estar no norte de Portugal, fala com o banco, e o dinheiro ou garantia têm de ser colocados num país do Extremo Oriente em 24h. Portanto, estas situações implicam uma rapidez e enquadramento, por parte do banco, muito diferentes de outros negócios.