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Construir com menos complicações? As casas pré-fabricadas podem ser a solução

30 abr 2025 | 5 min de leitura

Ter uma casa à medida, mais rápida de construir e com um custo mais controlado já não é apenas uma ideia bonita, é uma possibilidade real com as casas pré-fabricadas cada vez mais populares.

A ideia de ter uma casa própria está cada vez mais próxima para quem procura soluções económicas, rápidas e sustentáveis. As casas pré-fabricadas são um bom exemplo disso: ganharam terreno em Portugal e já não são sinónimo de estruturas provisórias ou pouco confortáveis. Pelo contrário, são hoje uma alternativa moderna e viável à construção tradicional e que prometem mudar a forma como se pensa o “lar”.

 

 

O que são casas pré-fabricadas?

As casas pré-fabricadas são construções feitas, total ou parcialmente, em fábrica, com processos industriais mais controlados e eficientes do que a construção tradicional. Depois de prontas, são transportadas para o terreno onde serão montadas e finalizadas.

 

Existem dois tipos principais dentro deste universo:

 

  • Casas pré-fabricadas simples: são construídas como um único bloco na fábrica e transportadas praticamente prontas para o local, onde apenas se fazem as ligações essenciais (água, luz, esgotos)
  • Casas modulares: também são pré-fabricadas, mas são construídas em vários módulos (por exemplo, sala, quarto, cozinha) que são transportados separadamente e montados no terreno como peças de um puzzle.

 

Ambas são consideradas casas pré-fabricadas, mas diferenciam-se na forma como são transportadas e montadas. Mais à frente explicamos essa diferença com mais detalhe.

 

 

Quanto custa uma casa pré-fabricada em Portugal?

O preço, claro, vai depender de muitos fatores: materiais, tamanho, empresa contratada, nível de personalização, mas, para ter uma ideia:

 

  • Gama económica: entre de 30.000 a 50.000 euros, ou a partir de cerca de 1.000 euros por metro quadrado para modelos pequenos (entre 25m² a 40m²)
  • Gama média a alta: pode ultrapassar os 2.000 euros por metro quadrado.

 

Ou seja, uma casa com cerca de 100m² pode ficar entre por mais de 200.000 euros, consoante o nível de acabamentos e os custos associados ao terreno.

 

Importa lembrar que, além da casa em si, há que contar com vários custos adicionais, como:

 

  • Terreno: 20.000 a 80.000 euros, dependendo da localização
  • Licenciamento e projetos: 3.000 a 7.000 euros
  • Fundações e preparação do terreno: 5.000 a 15.000 euros
  • Ligações às infraestruturas (água, luz, esgotos): 2.000 a 8.000 euros
  • Transporte dos módulos: 2.000 a 6.000 euros, dependendo da distância
  • Montagem no local: 5.000 a 10.000 euros, conforme a complexidade.

 

Note que estes valores são apenas estimativas médias, com base em vários exemplos disponíveis no mercado. Servem apenas para ajudar a ter uma noção geral dos custos envolvidos.

 

 

O que muda (ou não) entre uma casa tradicional e uma pré-fabricada?

Apesar das diferenças na forma como são construídas, as casas pré-fabricadas estão sujeitas às mesmas regras legais que as casas tradicionais. Significa que, para comprar ou construir uma casa pré-fabricada, não se consegue fugir à burocracia e há procedimentos obrigatórios que têm de ser cumpridos.

 

Eis o que é necessário garantir:

 

  • Licenciamento municipal: tal como numa casa de alvenaria, o projeto da casa tem de ser submetido e aprovado pela Câmara Municipal, de modo a garantir a viabilidade do projeto
  • Projeto de arquitetura: trata da memória descritiva, plantas, cortes, alçadas e restantes elementos. Deve ser apresentado à Câmara Municipal do município onde casa será construída, devendo este processo ter lugar antes de ser iniciada a montagem e construção da obra
  • Projetos de especialidades: dizem respeito aos sistemas de esgotos, rede elétrica, gás e abastecimento de água. Devem ser entregues na Câmara Municipal após a aprovação do projeto de arquitetura, para que esta possa consultar as entidades competentes, que irão emitir os respetivos pareceres, autorizações ou aprovações. Só depois desta análise será possível avançar com a emissão da licença de construção, conforme previsto no artigo 13.º-A, n.º 1 do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE)
  • Licença de construção: só depois de obter esta licença é que a montagem pode avançar no terreno, devendo sempre existir um empreiteiro responsável
  • Licença de habitação: após a conclusão da obra, a autarquia faz uma vistoria para comprovar a conformidade da obra e, se estiver tudo conforme, emite esta licença
  • Registo do imóvel: a casa deve ser registada na Conservatória do Registo Predial e na Autoridade Tributária
  • IMI: o Imposto Municipal sobre Imóveis aplica-se igualmente, independentemente do tipo de construção.

 

A somar a isto tudo, o terreno tem de ser legalmente apto para construção: estar fora de zonas protegidas, como a Rede Agrícola Nacional (RAN) ou a Rede Ecológica Nacional (REN), e ter acesso a infraestruturas como água, esgotos, eletricidade e acessos rodoviários. Para melhor qualificar o terreno, deve ser consultado o Plano Diretor Municipal do município onde o terreno se situa, uma vez que é o mesmo que qualifica o solo do terreno.

 

Ou seja, mesmo que a casa chegue pronta (ou quase pronta), o processo legal segue os mesmos passos. Não há “atalhos”. Mas, se tudo for feito com acompanhamento técnico adequado, também não há grandes complicações.

 

Licenciamento de casas pré-fabricadas

Apesar de, por vezes, haver anúncios que sugerem a dispensa de licenciamento para casas móveis ou pré-fabricadas, isso pode não ser verdade. De acordo com o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), alterado pelo Decreto-Lei n.º 10/2024, de 08 de janeiro, qualquer estrutura destinada a habitação que esteja ligada ao solo - mesmo que assente sobre rodas, fundações leves ou estruturas metálicas - é considerada uma edificação e está sujeita a licenciamento camarário.

 

Significa que, mesmo que a casa possa ser desmontada ou mudada de local, o facto de ser utilizada para fins habitacionais (com ligações à água ou eletricidade) e com alguma permanência, obriga quase sempre à obtenção de licenças. Para evitar problemas legais, o ideal é contactar sempre a câmara municipal do local onde pretende instalar a casa e esclarecer todos os requisitos antes de avançar.

 

 

Existem apoios ou crédito para casas pré-fabricadas?

Atualmente, o financiamento para casas pré-fabricadas ainda não é tão comum como para construções tradicionais, e as taxas aplicáveis ao crédito são mais elevadas e com prazos de pagamento mais curtos. Contudo, é possível, em alguns casos, recorrer ao crédito à habitação, desde que a casa esteja legalmente registada, licenciada e construída num terreno autorizado.

 

Em alternativa, pode recorrer-se a crédito pessoal, embora este tipo de financiamento apresente, regra geral, juros mais elevados e prazos de pagamento mais curtos.

 

De forma geral, para conseguir financiamento para uma casa pré-fabricada, é necessário:

 

  • Ter o projeto aprovado pela Câmara Municipal
  • Garantir o registo legal do imóvel na Conservatória do Registo Predial
  • Ter licença de habitação
  • Estar preparado para que a casa possa ser hipotecada como garantia do crédito.

 

Antes de avançar, é aconselhável simular várias opções de crédito e comparar condições, para perceber qual se ajusta melhor às necessidades do projeto e ao orçamento disponível.

 

 

Quais são as vantagens das casas pré-fabricadas?

  • Tempo de construção reduzido: em média, entre três a seis meses
  • Menor custo (potencial): sobretudo em projetos mais pequenos ou simples
  • Sustentabilidade: menos desperdício, mais eficiência energética e possibilidade de integrar painéis solares, isolamento avançado ou sistemas de reaproveitamento de água
  • Flexibilidade: pode começar pequeno e adicionar módulos no futuro
  • Design variado: muitas empresas já permitem personalização quase total
  • Qualidade controlada: como são feitas em fábrica, os processos são mais rigorosos.

 

E as desvantagens?

Ainda assim, há alguns pontos menos positivos a considerar:

  • Crédito mais difícil de conseguir: apesar dos avanços, nem todos os bancos têm produtos específicos e as condições podem ser menos atrativas
  • Pagamento antecipado: muitas empresas exigem adiantamentos significativamente mais altos do que a construção de uma casa tradicional
  • Custos extra com transporte e fundações: e nem sempre estão incluídos no orçamento inicial, pois depende sempre da localização do fornecedor
  • Licenciamento: pode demorar tanto como numa casa tradicional
  • Menor liberdade criativa (em alguns casos): há limites na personalização, especialmente em modelos mais económicos ou modulares.

 

 

Afinal, vale a pena apostar numa casa pré-fabricada?

Vai tudo depender do que procura. Se valoriza rapidez, eficiência, menor impacto ambiental e tem um orçamento mais apertado (ou controlado), pode ser uma excelente solução. Mas é importante entrar no processo com os pés bem assentes na terra: há custos ocultos, burocracia a tratar e decisões a tomar com calma.

 

Se, por outro lado, procura uma casa mais personalizada, com maior liberdade de construção, ou deseja aceder mais facilmente a crédito com condições competitivas, talvez valha a pena considerar a construção tradicional ou a compra de um imóvel pronto a habitar - onde o crédito à habitação convencional continua a oferecer mais vantagens e flexibilidade.

 

Independentemente do tipo de casa, é essencial escolher uma empresa certificada, com boas avaliações e experiência comprovada, para garantir segurança, qualidade e apoio ao longo do processo.

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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