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Casas de madeira: uma alternativa económica e ecológica à construção tradicional?

29 abr 2025 | 5 min de leitura

Procurar casa tornou-se um desafio? Talvez a solução esteja onde menos se espera. As casas de madeira estão a conquistar cada vez mais portugueses, mas será que há razão?

Procurar uma casa para viver já não é só uma questão de localização ou número de quartos. Hoje, a equação inclui também o preço, a rapidez de construção, a sustentabilidade e, claro, a qualidade de vida.

 

É neste contexto que as casas de madeira têm vindo a ganhar destaque em Portugal: mais acessíveis, mais rápidas de construir e cada vez mais modernas, estão a deixar de ser apenas uma solução de férias para se tornarem verdadeiras alternativas à construção tradicional. Mas será que faz sentido para quem procura uma casa permanente? Quanto custam afinal? E será que compensa a longo prazo?

 

 

Quanto custam as casas de madeira em Portugal?

Tal como em qualquer tipo de habitação, o preço vai sempre depender de vários fatores: área, tipologia, acabamentos, empresa escolhida e até da localização do terreno. Mas para ter uma ideia geral:

 

  • T0 com cerca de 23 m²: a partir de 27.400 euros, já com estrutura, montagem e instalação incluídas (ex: modelo Diana da MF Casas de Madeira)
  • T2 com 50 m²: cerca de 74.500 euros, sem IVA nem licenças incluídas
  • T3 ou T4 com mais de 100 m²: os preços variam bastante, mas começam nos 100.000 euros e podem subir conforme o projeto.

 

Além do valor da casa em si, há outras despesas importantes a considerar ao longo do processo. Abaixo, ficam alguns custos médios associados à construção legal de uma casa de madeira. Valores meramente indicativos, que podem variar conforme o município, empresa contratada ou características do terreno:

 

  • Pedido de Informação Prévia (PIP): embora não seja obrigatório, é altamente recomendável. Permite confirmar, com antecedência, se é possível construir no terreno pretendido, com uma decisão vinculativa por parte da câmara. O custo ronda os 300 a 500 euros, consoante o município
  • Projeto de Arquitetura e Especialidades: inclui o desenho da casa e os projetos técnicos obrigatórios (como estabilidade, eletricidade, redes de água e esgotos). Os valores variam entre 3.500 e 8.000 euros, dependendo da complexidade e dimensão da construção
  • Licenciamento municipal: a análise e aprovação do projeto pela câmara tem um custo que costuma situar-se entre 5 e 10 euros por metro quadrado de área de construção, dependendo do regulamento e localização do terreno
  • Ligações às redes públicas (ou instalação de fossa séptica): os custos dependem da distância às infraestruturas, da obra necessária e da potência contratada, podendo variar entre 1.500 e 6.500 euros.
  • Taxa de ocupação do espaço público: aplica-se, por exemplo, caso haja necessidade de colocar andaimes ou materiais na via pública durante a obra. Normalmente varia entre 100 e 300 euros
  • Seguro de obras: não é obrigatório, mas é recomendável, sobretudo para proteger o investimento durante a fase de construção. Os valores costumam andar entre os 300 e 800 euros, conforme o valor total da obra
  • Certificação energética: obrigatória no final da obra para efeitos de licenciamento e registo do imóvel. O custo médio situa-se entre 250 e 500 euros.

 

Mesmo com todos estes custos, no fim das contas, uma casa de madeira pode representar uma poupança entre 30% a 60% quando comparada com a construção tradicional em alvenaria.

 

 

As vantagens de viver numa casa de madeira

Preço mais baixo

Construir em madeira custa menos. Simples assim. A madeira é mais barata que o betão e o facto de ser tudo pré-fabricado em fábrica reduz o tempo, o trabalho e os imprevistos da construção.

 

Tempo recorde de construção

Enquanto uma casa tradicional pode demorar mais de um ano, uma casa de madeira pode estar pronta em menos de três meses. Algumas empresas entregam casas pequenas em apenas 20 dias!

 

Isolamento térmico e acústico

No verão, são frescas. No inverno, são quentinhas. A madeira é um ótimo isolante natural. E como também ajuda a regular a humidade e a filtrar o ar, o conforto é garantido - tanto para o corpo como para a saúde.

 

Flexibilidade e possibilidade de personalização

Quer mais um quarto? Um escritório? Dá para acrescentar módulos e fazer alterações sem grandes complicações. Há modelos base, mas quase todas as empresas adaptam ao gosto do cliente.

 

Sustentabilidade

A madeira é um material ecológico, reciclável e com menor pegada ambiental. Menos emissões na construção, mais eficiência energética no dia a dia. E, claro, um visual mais harmonioso com a natureza.

 

 

Estética e conforto

Uma casa de madeira transmite logo aquele "aconchego" que tantas pessoas procuram. E não se pense que são todas rústicas – hoje há casas modernas e cheias de estilo feitas em madeira!

 

 

E as desvantagens?

Tal como tudo, também há pontos menos positivos que vale a pena considerar:

 

  • Manutenção obrigatória. A madeira precisa de ser tratada. É importante verificar a estrutura, aplicar verniz ou tinta de três em três anos, e ter atenção a pragas como térmitas ou fungos
  • Menor resistência ao fogo. Embora a madeira usada seja tratada, o risco de incêndio é real, especialmente em zonas rurais. É fundamental respeitar as regras de segurança e de limpeza do terreno envolvente
  • Nem todos os terrenos são viáveis. Construir em zonas rústicas ou protegidas pode ser complicado. É preciso garantir que o terreno permite este tipo de construção e tratar de todas as licenças na câmara municipal
  • Isolamento sonoro imperfeito e rangidos. A madeira é boa a absorver som, mas pode "falar". O ranger de soalhos ou pequenos estalos com mudanças de temperatura fazem parte do dia a dia
  • Menos opções de personalização em alguns modelos. Muitas casas são vendidas por catálogo. Apesar de haver cada vez mais soluções personalizadas, pode haver alguma limitação no projeto inicial
  • Desgaste mais rápido do que o tijolo. Com o tempo, a madeira tende a apresentar mais sinais de desgaste do que as construções em alvenaria, especialmente se não for bem mantida
  • Expansão e contração com o clima. A madeira reage naturalmente às variações de temperatura e humidade, o que pode provocar pequenas deformações ou movimentações na estrutura ao longo do tempo.

 

 

É preciso ter licença para uma casa em madeira?

Sim. Apesar de serem pré-fabricadas e parecerem mais “simples”, as casas de madeira estão sujeitas ao regime de licenciamento urbanístico, tal como qualquer outra construção destinada a habitação.

 

Segundo o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), já alterado pelo Decreto-Lei n.º 10/2024, de 08 de janeiro, uma casa modular ou pré-fabricada é considerada uma obra de construção desde que:

 

  • Seja classificada como imóvel e destinada a utilização humana (como habitação permanente ou temporária)
  • Esteja ligada ao solo com caráter de permanência, seja por fundações, estacas, sapatas, colunas ou através de uma base de betão.

 

Ou seja, mesmo que a estrutura seja desmontável, o simples facto de estar colocada num terreno com finalidade habitacional e assente de forma estável implica a obtenção de licenciamento camarário antes da montagem.

 

O que precisa de ter em conta:

 

  • Construções até 30 m²: não precisam de licenciamento formal, mas exigem uma comunicação prévia à câmara municipal
  • Casas com mais de 30 m²: necessitam de apresentar um projeto de arquitetura na Câmara Municipal e devem cumprir as regras do Plano Diretor Municipal (PDM). Mesmo sendo modulares, o licenciamento é obrigatório
  • Documentação necessária: inclui a licença de construção, alvará de licença de construção, o projeto de arquitetura e engenharia, certidão de registo predial, declaração de início de atividade, seguro de obra, autorização do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (se a casa for construída em área rural) e certificado energético (estes documentos podem variar conforme o município e a construção)
  • Terrenos rústicos, protegidos ou inseridos em REN/RAN: a construção nestas zonas pode ser limitada ou proibida. É fundamental confirmar com a câmara se é possível construir no terreno
  • Pedido de Informação Prévia (PIP): não é obrigatório, mas fortemente recomendado, para garantir que o projeto é viável antes de avançar.

 

Dica extra: algumas empresas especializadas em casas de madeira acompanham todo o processo de licenciamento, ajudando com a burocracia e os pedidos junto da autarquia. Se não tem tempo (ou paciência), pode ser uma ajuda valiosa.

 

 

E o financiamento, como funciona?

Embora existam opções de financiamento para casas de madeira, é importante verificar com cada instituição bancária quais os produtos disponíveis. Algumas soluções podem passar por crédito pessoal, especialmente em projetos de menor dimensão.

 

O mais importante é fazer contas a todos os custos envolvidos, desde a casa, terreno, licenças, acabamentos, seguros, e perceber qual a melhor forma de os suportar com segurança.

 

 

Casas de madeira são o futuro?

São inegavelmente mais económicas, mais rápidas, mais ecológicas e, acima de tudo, adaptadas à nova realidade de quem quer fugir da cidade e viver com mais calma e qualidade de vida.

 

Ainda assim, a ideia de manutenção frequente e o risco de incêndio, dado o historial do nosso solarengo país, deixam muitos hesitantes. Se for o seu caso, recomendamos explorar outras soluções de habitação modular com menos exigências a nível de conservação. 

 

E se estiver mesmo a pensar avançar com a compra ou construção da sua casa – seja em madeira ou não – o melhor é mesmo fazer uma simulação de crédito habitação e perceber quanto pode investir com segurança.

 

Em suma, as casas de madeira são uma resposta moderna a um mercado que pede mais agilidade, eficiência e sustentabilidade. Não serão a escolha certa para todos, mas, para muitos, podem ser o ponto de partida para uma nova forma de viver.

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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