Nos últimos anos tem aumentado o conhecimento em torno dos mercados financeiros. Ficámos mais despertos para as potencialidades e para os perigos dos investimentos. Neste artigo, vamos falar-lhe de um tipo de produto financeiro utilizado por muitos investidores para rentabilizar as suas aplicações. Saiba o que é um fundo de investimento.
Um fundo de investimento é um produto/aplicação financeira que agrega os interesses de vários investidores num tema específico. É gerido por uma equipa de profissionais, cuja função é encontrar as melhores alternativas de investimento tendo em conta a política de investimento do fundo (definida no prospeto, que deve conhecer antes de investir).
Um fator muito importante a ter em conta é que o fundo de investimento é um património com autonomia jurídica ou património autónomo. Ou seja, são os investidores que são os detentores dos ativos do fundo e não o banco ou a sociedade gestora de fundos de investimento. Cada investidor é titular de quotas-partes iguais (denominadas de unidades de participação) com as mesmas características e sem um valor nominal.
Ao subscrever um fundo de investimento (denomina-se a compra de unidades de participação do fundo) está a confiar o seu dinheiro a uma equipa de gestores especialistas.
O facto de ser um instrumento de investimento coletivo permite ao fundo ter capacidade financeira para comprar muitos ativos ao mesmo tempo. Por exemplo, não é incomum que um fundo de investimento em ações europeias detenha ações de 50 ou 60 empresas ao mesmo tempo.
A evolução do preço dos ativos que compõem o fundo é o fator que fará oscilar o valor do seu investimento. Pode acontecer que todas as cotações do ativo subam, que todas desçam ou que, mais provável, umas subam e outras desçam.
A combinação do valor dos ativos que compõem o fundo irá fazer variar o valor de cada unidade de participação.
Este valor é determinado pela seguinte fórmula: Valor Total do Património do Fundo / Número de Unidades de Participação do Fundo
Para quem quer investir, existe uma grande variedade de opções, cada uma adaptada a diferentes perfis de investidor e objetivos financeiros. Conheça os principais tipos de fundos de investimento:
Categoria de fundos de investimento mobiliário que investem pelo menos 35% da carteira em ativos de baixo risco e elevada liquidez como bilhetes do tesouro, papel comercial, depósitos a prazo e obrigações com prazo inferior a um ano. Estes fundos são indicados para investidores que procuram objetivos financeiros de curto prazo e têm como vantagem a facilidade de resgate rápido, devido ao vencimento curto dos ativos que compõem a sua carteira. O potencial de retorno é próximo das taxas de juro de curto prazo, com desvios mínimos em relação ao preço de avaliação.
Veículos que investem em ativos do setor imobiliário como imóveis comerciais, residenciais, shopping centers, galpões logísticos e títulos de crédito imobiliário. Permitem que investidores tenham exposição ao mercado imobiliário sem a necessidade de adquirir imóveis fisicamente, oferecendo, assim, liquidez e diversificação. Os FIIs são uma boa opção para quem procura um rendimento passivo, já que a maioria dos lucros destes fundos vem do aluguer dos imóveis ou dos juros dos títulos imobiliários. São negociados em bolsa, o que facilita a compra e venda de quotas, mas também pode expor o investidor a flutuações de preço.
Também conhecidos como ETFs (Exchange-Traded Funds), têm como objetivo replicar o desempenho de um índice de mercado como o PSI 20 ou o S&P 500. São uma forma eficaz de obter diversificação com baixo custo, já que investem numa carteira que espelha a composição do índice de referência. Por serem passivos, ou seja, não exigem a seleção ativa de ações por parte do gestor, os ETFs geralmente têm taxas de administração mais baixas em comparação com outros fundos. Estes são indicados para investidores que procuram acompanhar o desempenho de um determinado mercado ou setor, sem a necessidade de escolher ações individualmente.
Estes atuam principalmente em ações de empresas listadas na bolsa de valores e são ideais para investidores que procuram potencial de crescimento significativo, pois as ações tendem a oferecer retornos mais altos a longo prazo. No entanto, um maior potencial de retorno vem acompanhado de maior risco, já que o valor das ações pode ser volátil e sujeito a flutuações do mercado.
Estes investem pelo menos 50% da sua carteira em títulos de dívida como obrigações corporativas, governamentais ou semigovernamentais, principalmente de médio e longo prazo. Estes fundos oferecem um potencial de rendimento superior aos de tesouraria, mas também apresentam um perigo mais elevado. O risco de crédito é uma preocupação comum, pois a capacidade das entidades emitentes em cumprir as suas dívidas pode variar. Além disso, fundos de obrigações de taxa de juro fixa podem sofrer perdas caso as taxas de juro subam, uma vez que o valor de mercado das obrigações detidas tende a diminuir.
Combinam características dos fundos de ações e dos fundos de obrigações ao investirem simultaneamente em ambas as tipologias de ativos. Normalmente, a carteira destes fundos inclui até dois terços em ações e o restante em títulos de dívida, o que proporciona uma diversificação que equilibra risco e retorno. Esta combinação torna os fundos mistos uma opção interessante para investidores que procuram uma exposição a diferentes classes de ativos, com diferentes níveis de risco.
Investem a maior parte da sua carteira, pelo menos dois terços, em outros fundos de investimento. Esta abordagem oferece uma diversificação adicional, uma vez que o investidor passa a ter uma exposição indireta a várias classes de ativos, estratégias e gestoras. Existem duas modalidades principais: fundos que investem em produtos de diversas entidades gestoras e fundos que aplicam exclusivamente em produtos geridos pela mesma entidade.
Também designados por hedge funds, são conhecidos pela flexibilidade e utilização de diversas estratégias de investimento, incluindo o uso de derivados e alavancagem. Estes podem ser utilizados tanto para proteger contra riscos (hedging) como para procurar retornos mais elevados. No entanto, devido à sua complexidade e aos riscos envolvidos, são geralmente recomendados para investidores mais experientes e com uma maior tolerância ao risco.
Além das tipologias acima mencionadas, os fundos de investimento podem ser classificados de acordo com a variabilidade do capital:
O investimento através de fundos tem um conjunto de vantagens que tornam estas aplicações um produto bastante popular. Destacamos algumas:
Agora que já conhece os diversos benefícios que os fundos de investimento oferecem, conheça também alguns inconvenientes:
Quem investe em fundos de investimento assume diversos tipos de risco. Na realidade, assume os que são inerentes a todos os ativos que compõem o fundo, sendo certo que ao participar num fundo composto por dezenas (às vezes centenas) de ativos distintos está a diversificar o seu risco. Dependendo do tipo de fundo, poderemos falar de alguns perigos:
Ao selecionar um fundo de investimento, é importante considerar o perfil de risco, as metas financeiras e a diversificação da carteira. Eis alguns fatores a serem considerados:
Para começar a investir em fundos de investimento sugerimos que:
1. Conheça os seus objetivos e necessidades financeiras
2. Escolha o fundo adequado com base nas suas necessidades e perfil
3. Perceba qual o capital disponível para investir
4. Abra uma conta numa corretora ou instituição financeira que ofereça acesso ao fundo escolhido
5. Faça o depósito inicial conforme as regras do fundo e monitorize o seu investimento regularmente
6. Reavalie o seu portfólio periodicamente para ajustar a sua estratégia de investimento conforme necessário.
Fale com o seu gestor para ficar a conhecer as soluções financeiras que melhor se adequam à sua situação, em cada momento. Poderá não ser fácil ao início, mas leia sempre atentamente a informação pré-contratual. Comece devagar. Aprenda. Invista no que conhece e, com o tempo, irá notar que todo o processo fica mais fácil.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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