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O que são fundos de investimento?

10 out 2024 | 10 min de leitura
Muitos investidores recorrem a fundos de investimento para aplicar o seu dinheiro e diversificar os seus ativos. Conheça os fundos de investimento.

Nos últimos anos tem aumentado o conhecimento em torno dos mercados financeiros. Ficámos mais despertos para as potencialidades e para os perigos dos investimentos. Neste artigo, vamos falar-lhe de um tipo de produto financeiro utilizado por muitos investidores para rentabilizar as suas aplicações. Saiba o que é um fundo de investimento.

 

 

O que é um fundo de investimento?

Um fundo de investimento é um produto/aplicação financeira que agrega os interesses de vários investidores num tema específico. É gerido por uma equipa de profissionais, cuja função é encontrar as melhores alternativas de investimento tendo em conta a política de investimento do fundo (definida no prospeto, que deve conhecer antes de investir).

 

Um fator muito importante a ter em conta é que o fundo de investimento é um património com autonomia jurídica ou património autónomo. Ou seja, são os investidores que são os detentores dos ativos do fundo e não o banco ou a sociedade gestora de fundos de investimento. Cada investidor é titular de quotas-partes iguais (denominadas de unidades de participação) com as mesmas características e sem um valor nominal.

 

 

Como funciona um fundo de investimento?

Ao subscrever um fundo de investimento (denomina-se a compra de unidades de participação do fundo) está a confiar o seu dinheiro a uma equipa de gestores especialistas.

 

O facto de ser um instrumento de investimento coletivo permite ao fundo ter capacidade financeira para comprar muitos ativos ao mesmo tempo. Por exemplo, não é incomum que um fundo de investimento em ações europeias detenha ações de 50 ou 60 empresas ao mesmo tempo.

 

A evolução do preço dos ativos que compõem o fundo é o fator que fará oscilar o valor do seu investimento. Pode acontecer que todas as cotações do ativo subam, que todas desçam ou que, mais provável, umas subam e outras desçam.

 

A combinação do valor dos ativos que compõem o fundo irá fazer variar o valor de cada unidade de participação.

 

Este valor é determinado pela seguinte fórmula: Valor Total do Património do Fundo / Número de Unidades de Participação do Fundo

 

 

Principais tipos de fundos de investimento

Para quem quer investir, existe uma grande variedade de opções, cada uma adaptada a diferentes perfis de investidor e objetivos financeiros. Conheça os principais tipos de fundos de investimento:

 

 

Fundos de tesouraria

Categoria de fundos de investimento mobiliário que investem pelo menos 35% da carteira em ativos de baixo risco e elevada liquidez como bilhetes do tesouro, papel comercial, depósitos a prazo e obrigações com prazo inferior a um ano. Estes fundos são indicados para investidores que procuram objetivos financeiros de curto prazo e têm como vantagem a facilidade de resgate rápido, devido ao vencimento curto dos ativos que compõem a sua carteira. O potencial de retorno é próximo das taxas de juro de curto prazo, com desvios mínimos em relação ao preço de avaliação.

 

 

Fundos imobiliários (FIIs)

Veículos que investem em ativos do setor imobiliário como imóveis comerciais, residenciais, shopping centers, galpões logísticos e títulos de crédito imobiliário. Permitem que investidores tenham exposição ao mercado imobiliário sem a necessidade de adquirir imóveis fisicamente, oferecendo, assim, liquidez e diversificação. Os FIIs são uma boa opção para quem procura um rendimento passivo, já que a maioria dos lucros destes fundos vem do aluguer dos imóveis ou dos juros dos títulos imobiliários. São negociados em bolsa, o que facilita a compra e venda de quotas, mas também pode expor o investidor a flutuações de preço.

 

 

Fundos de Índice (ETFs)

Também conhecidos como ETFs (Exchange-Traded Funds), têm como objetivo replicar o desempenho de um índice de mercado como o PSI 20 ou o S&P 500. São uma forma eficaz de obter diversificação com baixo custo, já que investem numa carteira que espelha a composição do índice de referência. Por serem passivos, ou seja, não exigem a seleção ativa de ações por parte do gestor, os ETFs geralmente têm taxas de administração mais baixas em comparação com outros fundos. Estes são indicados para investidores que procuram acompanhar o desempenho de um determinado mercado ou setor, sem a necessidade de escolher ações individualmente.

 

 

Fundos de ações

Estes atuam principalmente em ações de empresas listadas na bolsa de valores e são ideais para investidores que procuram potencial de crescimento significativo, pois as ações tendem a oferecer retornos mais altos a longo prazo. No entanto, um maior potencial de retorno vem acompanhado de maior risco, já que o valor das ações pode ser volátil e sujeito a flutuações do mercado.

 

 

Fundos de obrigações

Estes investem pelo menos 50% da sua carteira em títulos de dívida como obrigações corporativas, governamentais ou semigovernamentais, principalmente de médio e longo prazo. Estes fundos oferecem um potencial de rendimento superior aos de tesouraria, mas também apresentam um perigo mais elevado. O risco de crédito é uma preocupação comum, pois a capacidade das entidades emitentes em cumprir as suas dívidas pode variar. Além disso, fundos de obrigações de taxa de juro fixa podem sofrer perdas caso as taxas de juro subam, uma vez que o valor de mercado das obrigações detidas tende a diminuir.

 

 

Fundos mistos

Combinam características dos fundos de ações e dos fundos de obrigações ao investirem simultaneamente em ambas as tipologias de ativos. Normalmente, a carteira destes fundos inclui até dois terços em ações e o restante em títulos de dívida, o que proporciona uma diversificação que equilibra risco e retorno. Esta combinação torna os fundos mistos uma opção interessante para investidores que procuram uma exposição a diferentes classes de ativos, com diferentes níveis de risco.

 

 

Fundos de fundos

Investem a maior parte da sua carteira, pelo menos dois terços, em outros fundos de investimento. Esta abordagem oferece uma diversificação adicional, uma vez que o investidor passa a ter uma exposição indireta a várias classes de ativos, estratégias e gestoras. Existem duas modalidades principais: fundos que investem em produtos de diversas entidades gestoras e fundos que aplicam exclusivamente em produtos geridos pela mesma entidade.

 

 

Fundos de cobertura

Também designados por hedge funds, são conhecidos pela flexibilidade e utilização de diversas estratégias de investimento, incluindo o uso de derivados e alavancagem. Estes podem ser utilizados tanto para proteger contra riscos (hedging) como para procurar retornos mais elevados. No entanto, devido à sua complexidade e aos riscos envolvidos, são geralmente recomendados para investidores mais experientes e com uma maior tolerância ao risco.

 

 

Classificação dos fundos quanto à variabilidade do capital

Além das tipologias acima mencionadas, os fundos de investimento podem ser classificados de acordo com a variabilidade do capital:

 

  • Fundos abertos: caracterizam-se por um número variável de unidades de participação em circulação, permitindo aos investidores subscrever, revender ou resgatar as suas unidades a qualquer altura. Estes fundos tendem a ter elevada liquidez

 

  • Fundos fechados: têm um número fixo de unidades de participação, e os investidores só podem resgatar as suas unidades no momento da liquidação do fundo, numa data pré-definida. A venda de unidades antes do prazo requer a identificação de outro comprador

 

  • Fundos mistos: combinam características de fundos abertos e fechados, podendo ter uma parte fixa e outra variável de unidades de participação.

 

 

Quais as vantagens de investir em fundos de investimento?

O investimento através de fundos tem um conjunto de vantagens que tornam estas aplicações um produto bastante popular. Destacamos algumas:

 

  • Diversificação: ao comprar unidades de participação dos fundos de investimento, está a adquirir partes ínfimas de um património composto por inúmeros ativos. Assim, evita o risco associado a um ativo específico

 

  • Montantes de investimento: é possível investir em fundos de investimento com montantes muito reduzidos. Se para diversificar o seu risco ao investir diretamente precisaria de alguns milhares de euros, ao optar por fundos de investimento consegue uma boa diversificação com montantes muito mais reduzidos. Poderá ainda, em alguns casos, realizar planos de entregas programadas de baixos montantes, o que contribui para a constituição das suas poupanças de forma faseada e confortável

 

  • Gestão profissional: são poucas as pessoas que têm o tempo, o conhecimento ou a disponibilidade para acompanhar os mercados financeiros de perto. Assim, ao entregar a gestão do seu dinheiro a uma sociedade gestora, o que faz é confiar numa equipa de especialistas que fará o trabalho por si e de acordo com regras definidas à partida. Essas regras estão previstas na política de investimento de cada fundo

 

  • Liquidez: é possível converter os fundos de investimento em dinheiro num curto período de tempo. O poder negocial da sociedade gestora possibilita a redução de alguns custos quando comparado com o investidor particular.

 

 

E as desvantagens?

Agora que já conhece os diversos benefícios que os fundos de investimento oferecem, conheça também alguns inconvenientes:

 

  • Taxas: as taxas de administração e performance podem reduzir significativamente a rentabilidade líquida do fundo

 

  • Risco de mercado: fundos que investem em ações ou outros ativos voláteis estão sujeitos a riscos de mercado que podem afetar o retorno do investimento

 

  • Menor controlo: ao investir num fundo, delega as decisões de investimento a um gestor, o que significa menor controlo sobre as escolhas específicas de ativos

 

  • Liquidez: alguns fundos podem ter prazos de resgate mais longos, o que acaba por limitar a flexibilidade no acesso ao dinheiro quando precisar.

 

 

Quais os riscos de investir em fundos de investimento

Quem investe em fundos de investimento assume diversos tipos de risco. Na realidade, assume os que são inerentes a todos os ativos que compõem o fundo, sendo certo que ao participar num fundo composto por dezenas (às vezes centenas) de ativos distintos está a diversificar o seu risco. Dependendo do tipo de fundo, poderemos falar de alguns perigos:

 

  • Risco de mercado: associado às flutuações no valor dos ativos que compõem o fundo como ações, obrigações ou imóveis. Influenciado por fatores económicos, políticos e sociais, tanto a nível nacional como internacional - por exemplo, uma recessão económica pode levar à queda do valor das ações ou das obrigações em que o fundo investe -, pode resultar numa diminuição do valor da unidade de participação do fundo. Mesmo que a gestão deste veículo financeiro seja profissional e eficiente, o fundo não está imune às oscilações do mercado

 

  • Risco de taxa de juro: está relacionado com a sensibilidade dos preços dos títulos de dívida, como obrigações, às variações nas taxas de juro. Quando as taxas de juro sobem, o valor de mercado das obrigações tende a cair, o que pode reduzir o valor da carteira do fundo. Este risco é particularmente relevante para fundos que investem em obrigações de taxa fixa e de longo prazo, uma vez que são mais suscetíveis às variações nas taxas de juro

 

  • Risco de crédito: refere-se à possibilidade de uma entidade emitente de uma obrigação ou outro título de dívida não cumprir com os pagamentos de juros ou com a devolução do capital investido. Fundos que investem em obrigações, especialmente as de empresas privadas, estão mais expostos ao risco de crédito. Se a empresa emissora enfrentar dificuldades financeiras e for incapaz de pagar, isso pode impactar negativamente o valor do fundo

 

  • Risco operacional: está relacionado com falhas nos processos internos, nos sistemas ou nas pessoas que gerem o fundo. Inclui erros de cálculo, falhas de tecnologia, fraudes ou qualquer outro problema que possa comprometer o bom funcionamento do fundo. Estas falhas, embora menos visíveis, podem ter um impacto significativo no desempenho do fundo e na capacidade de cumprir com os seus objetivos

 

  • Risco fiscal: diz respeito às mudanças nas políticas fiscais ou na legislação tributária e que podem afetar o retorno dos investimentos no fundo, podendo incluir alterações na tributação sobre ganhos de capital, sobre os dividendos ou sobre outros rendimentos gerados pelo fundo. Adicionalmente, a fiscalidade pode variar consoante a jurisdição onde o fundo é registado, o que pode ter um impacto nas obrigações fiscais dos investidores

 

  • Risco cambial: aplica-se a fundos que investem em ativos denominados em moedas estrangeiras, em que as variações na taxa de câmbio entre a moeda de referência do fundo e a moeda dos ativos podem afetar o valor do investimento. Por exemplo, se o euro valorizar em relação ao dólar, o valor dos ativos em dólares pode diminuir em termos de euros, impactando negativamente o valor do fundo.

 

 

Como escolher o fundo de investimento certo?

Ao selecionar um fundo de investimento, é importante considerar o perfil de risco, as metas financeiras e a diversificação da carteira. Eis alguns fatores a serem considerados:

 

  • Perfil do investidor: identifique seu “apetite ao risco” e escolha fundos que se alinhem com ele. Investidores conservadores podem preferir fundos de renda fixa, enquanto investidores mais arrojados podem optar por fundos de ações ou multimercados

 

  • Objetivos de investimento: identifique os seus objetivos financeiros e o horizonte de investimento para escolher um fundo que alinhe com suas metas

 

  • Histórico de desempenho: analise o histórico de desempenho do fundo e do gestor porque embora resultados passados não garantam retornos futuros, um percurso consistente pode indicar uma estratégia sólida

 

  • Custos: avalie as taxas cobradas pelo fundo como a taxa de administração e a taxa de performance. Fundos de gestão ativa geralmente cobram encargos mais altos, o que pode impactar os retornos líquidos

 

  • Liquidez: verifique o prazo de resgate das quotas, pois fundos com prazos de liquidez mais longos podem não ser adequados para necessidades de curto prazo

 

  • Gestor e filosofia de investimento: considere a reputação do gestor e a filosofia de investimento do fundo para garantir que estejam alinhados com as suas expectativas e valores.

 

 

Como começar a investir nestes produtos?

Para começar a investir em fundos de investimento sugerimos que:

 

1. Conheça os seus objetivos e necessidades financeiras

 

2. Escolha o fundo adequado com base nas suas necessidades e perfil

 

3. Perceba qual o capital disponível para investir

 

4. Abra uma conta numa corretora ou instituição financeira que ofereça acesso ao fundo escolhido

 

5. Faça o depósito inicial conforme as regras do fundo e monitorize o seu investimento regularmente

 

6. Reavalie o seu portfólio periodicamente para ajustar a sua estratégia de investimento conforme necessário.


Fale com o seu gestor para ficar a conhecer as soluções financeiras que melhor se adequam à sua situação, em cada momento. Poderá não ser fácil ao início, mas leia sempre atentamente a informação pré-contratual. Comece devagar. Aprenda. Invista no que conhece e, com o tempo, irá notar que todo o processo fica mais fácil.

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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