Quantas pessoas acordam e a primeira coisa que dizem é: “Bom dia, Siri. Que tempo vai estar hoje?”. Os assistentes virtuais, assim como outras tecnologias, cada vez mais presentes no dia a dia, recorrem a mecanismos de inteligência artificial para responder às perguntas dos humanos. Saiba o que é a inteligência artificial e o que pode esperar desta tecnologia nos próximos anos.
A inteligência artificial (IA) saltou das páginas de livros de ficção científica ou dos ecrãs de filmes de Sci-fi diretamente para a realidade. Haverá dores de crescimento, à medida que a tecnologia evoluir, mas os investigadores acreditam que, com os cuidados devidos, o efeito positivo que terá na sociedade em termos de eficiência será imenso.
A inteligência artificial (IA) é um campo da ciência da computação que desenvolve sistemas e tecnologias que realizam tarefas que, quando executadas por seres humanos, geralmente requerem inteligência. Tal inclui a capacidade de aprender, raciocinar, resolver problemas, compreender o ambiente e tomar decisões.
A IA utiliza algoritmos e modelos matemáticos complexos para criar sistemas que podem processar dados e informações, identificar padrões, aprender com experiências passadas e tomar decisões com base nesses dados.
“É uma importante tecnologia que está a passar por profundas transformações que afetarão a sociedade nas próximas décadas, conhecida globalmente como a quarta revolução industrial”, afirmam os professores do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira e Mário Figueiredo, no artigo “Artificial intelligence: historical context and state of the art” (Inteligência artificial: contexto histórico e estado da arte, em português).
De acordo os especialistas, a aplicação da inteligência artificial pode ser agrupada em duas grandes áreas:
Associada à organização de informação sobre pessoas, organizações e processos (big data). Esta informação pode ser usada para fazer novas descobertas científicas ou otimizar o processo de design, manufatura, distribuição ou venda, “o que representa uma importante componente de outra área conhecida como indústria 4.0”, explicam.
Associada à substituição parcial ou total dos humanos em tarefas que exigem uso da inteligência. Esta área ainda tem “um impacto menor do que a analítica, mas crescerá nos próximos anos, à medida que as empresas e as instituições continuem a ser pressionados para se tornarem mais eficientes e reduzirem os custos”, prosseguem.
O conceito de IA começou a ser explorado na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, quando um grupo de cientistas começou a desenvolver máquinas capazes de simular o pensamento humano. Em 1950, Alan Turing publicou um artigo intitulado “Computer Machinery and Intelligence”, no qual se propunha a realizar um teste à inteligência das máquinas, chamado “The Imitation Game”. Dois anos depois Arthur Samuel, um cientista da computação, desenvolveu o primeiro programa de damas capaz de aprender o jogo de forma independente.
Porém, o termo “inteligência artificial” só foi utilizado pela primeira vez em 1955 por John McCarthy, um cientista da computação. Nas décadas seguintes o estudo foi progredindo, mas rapidamente se percebeu que os desafios eram maiores do que inicialmente se pensava, pois os programas de IA eram limitados na sua capacidade de lidar com a incerteza e a complexidade do mundo real.
O verdadeiro boom da inteligência artificial deu-se na primeira década dos anos 2000, com o desenvolvimento de computadores cada vez mais potentes, acessíveis e com grande quantidade de dados disponíveis (Big-Data). As pesquisas foram-se aprofundando, nomeadamente na área do Machine Learning, Redes Neurais Artificiais e as suas variações. Entre 2011 até 2014 começaram a surgir os assistentes virtuais, como a Siri, e, mais recentemente, o ChatGPT veio revolucionar esta área.
A inteligência artificial (IA) permite que as máquinas aprendam com experiências, se ajustem à entrada de novos dados e realizem tarefas como os seres humanos. Segundo Arlindo Oliveira e Mário Figueiredo, esta área irá expandir-se nos próximos anos, transformando a maneira como vivemos, trabalhamos e interagimos.
A inteligência artificial é importante porque:
Inteligência artificial e Big Data estão intimamente interligadas. Big data refere-se a grandes quantidades de informações reunidas por diversas fontes (como as redes sociais ou plataformas online) que, geralmente, são complexas e estão desestruturadas, tornando difícil para os seres humanos analisá-las e obter insights valiosos.
Os algoritmos de IA, por outro lado, são projetados para processar e analisar grandes volumes de dados de forma eficiente. Recorrem ao machine learning e ao deep learning para identificar padrões, correlações e tendências. Tal permite que a IA gere insights valiosos e faça previsões ou recomendações com base nos dados.
A IA é um campo de estudo vasto, que inclui muitos métodos e tecnologias, dos quais podemos destacar:
Utiliza algoritmos para analisar dados, aprender com esses dados e tomar decisões informadas com base nesse estudo prévio.
As redes neurais artificiais processam dados para tomar decisões inspiradas na estrutura e funções do cérebro humano. Recorre a técnicas de Machine Learning para identificar padrões nos conjuntos de dados e reconhecer a linguagem natural.
É um ramo da Machine Learning que estrutura algoritmos em camadas, de modo a criar uma rede neural artificial, que pode aprender e tomar decisões por conta própria.
A inteligência artificial já saltou da ficção científica para a realidade e estabeleceu-se no nosso dia a dia. Alguns exemplos de aplicações da inteligência artificial:
Algumas ferramentas de inteligência baseadas no processamento de linguagem natural, como os assistentes virtuais ou chatbots, estão cada vez mais sofisticadas. É o caso do ChatGPT, a sensação tecnológica do momento.
O ChatGPT é um chatbot que utiliza inteligência artificial para interagir com humanos. Foi criado pela empresa OpenAI no final de 2022 e fornece respostas aos mais diversos tipos de problemas e questões. Funciona de forma semelhante aos assistentes virtuais, como a Alexa e a Siri, com a diferença de que o seu algoritmo fornece respostas mais complexas, e dadas somente em formato de texto.
Esta tecnologia é capaz de resolver questões matemáticas, criar histórias, responder a dúvidas, gerar roteiros de viagens, criar cronogramas e muito mais. O sistema recorre a machine learning e tem acesso a um vasto banco de textos publicados na Internet. Através da coleta e organização desses conteúdos, o robô consegue produzir respostas lógicas.
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1. Elsa Speak. É uma app para aprender inglês, que ajuda a melhorar a pronúncia e fluência oral. Utiliza a inteligência artificial e o reconhecimento da fala para ajudar os alunos a melhorarem as suas capacidades de comunicação em inglês
2. Socratic by Google. Destinada maioritariamente a ajudar estudantes nas suas tarefas escolares, esta app utiliza a câmara do smartphone para ler as perguntas ou problemas de matemática e depois recorre à inteligência artificial da Google para obter as respostas. A app é totalmente gratuita e os estudantes podem aceder a conteúdos de diferentes disciplinas, como português, matemática ou ciências.
3. StarryAI. É uma app que utiliza inteligência artificial para gerar arte. Ao fornecer um prompt (instrução) de texto, a IA é capaz de criar uma representação visual do texto, tornando o processo tipicamente complicado e técnico de geração de arte de IA mais simples.
4. Reface. É uma app grátis para Android e iPhone (iOS) que usa inteligência artificial para trocar rostos em GIFs e memes famosos. Para tal, deve registar uma selfie, escolher a animação desejada e partilhar com os amigos para momentos de diversão.
Como em qualquer nova tecnologia, existem pontos positivos e negativos a destacar.
Nos últimos anos, o desenvolvimento da inteligência artificial tem permitido aumentar a eficácia de um conjunto de processos de produção, contribuindo para a criação de novas soluções em diversas áreas, seja por exemplo através da melhoria dos cuidados de saúde ou da criação de sistemas de transporte mais seguros.
Muitas empresas conseguiram, graças à IA, melhorar o atendimento ao cliente, poupar energia ou aumentar a produção e a qualidade dos produtos.
Também os cidadãos passaram a aceder com mais facilidade a informações sobre diversos temas e a realizar tarefas do dia a dia de forma mais simples. Num mundo ideal, a IA poderá contribuir para libertar a população de tarefas rotineiras e pesadas, permitindo que tenham mais tempo para o desenvolvimento pessoal, criatividade, experimentação, exploração e lazer.
A criação da inteligência artificial e a crescente preponderância dos robôs no quotidiano têm suscitado inúmeros problemas éticos. “Se a inteligência artificial geral se tornar uma realidade, levantará questões significativas de ordem prática, ética e social, que terão de ser discutidas a partir de diferentes pontos de vista”, sublinham Arlindo Oliveira e Mário Figueiredo. Algumas das questões éticas mais enfatizadas são as seguintes:
Será que os robôs vão ficar com os nossos trabalhos?
Se cada vez mais robôs desempenharem tarefas que, até agora, eram feitas por humanos, podemos ver a taxa de desemprego aumentar. Os especialistas acreditam que “tarefas como apoio ao cliente, análise de documentação legal, diagnósticos médicos, condução de veículos e muitas outras serão desempenhadas progressivamente por sistemas automáticos baseados em inteligência artificial”.
No entanto, esta mudança não será imediata, mas antes “progressiva e gradual, dando tempo às empresas para se adaptarem”, rematam.
Como são explorados os meus dados? Estarão seguros?
Já lhe aconteceu estar a fazer uma pesquisa no Google e, poucos minutos depois, receber anúncios desse produto - ou semelhantes - numa rede social? Isto acontece porque os algoritmos de IA utilizados por essas aplicações são dos mais avançados. Mas estas tecnologias podem ter outras aplicações. Por exemplo, também podem ajudar organismos oficiais a identificar, traçar perfis e localizar pessoas, com ou sem permissão, nomeadamente através de sistemas de reconhecimento facial.
A utilização abusiva dos seus dados ou a hipótese de caírem nas mãos erradas são preocupações válidas. Nesse sentido, a União Europeia tem em cima da mesa a proposta de Lei da Inteligência Artificial com o objetivo de “manter a segurança e a privacidade dos cidadãos, garantir a concorrência e preservar a abertura dos mercados, ao mesmo tempo que estimula o desenvolvimento de aplicações novas, seguras e não invasivas”, explicam os especialistas.
Serão os sistemas de inteligência artificial uma ameaça para os humanos?
Stephen Hawking e Elon Musk são alguns dos nomes sonantes que já levantaram preocupações em relação a este tema. Será que no futuro os sistemas de inteligência artificial conseguirão ultrapassar a inteligência humana, tornando-se uma ameaça à própria humanidade?
Para muitos investigadores, importa garantir que os sistemas de inteligência artificial são desenvolvidos de forma a que os seus objetivos estejam alinhados com os do homem.
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