A inovação tecnológica na saúde vai muito além dos exames, tratamentos e medicamentos. Conheça exemplos, vantagens e desvantagens.
Não é preciso recuar mais do que alguns anos para perceber o enorme desenvolvimento tecnológico na área da medicina. Desde cirurgias que passaram a ser feitas sem cortes na pele, à introdução de dispositivos no coração e, até, a implantes biónicos, a inovação tecnológica na saúde está repleta de exemplos que, muitas vezes, se assemelham a ficção científica.
Tal como aconteceu, por exemplo, com as tecnologias de comunicação, a evolução nas tecnologias ligadas à saúde também foi rápida e parece não ter limites.
O desenvolvimento das vacinas para a COVID-19 é um bom exemplo de inovação tecnológica na saúde. Menos de um ano depois da pandemia ter sido declarada a nível global, a vacinação já avançava em muitos países.
A rapidez com que as vacinas foram desenvolvidas e aprovadas revela a urgência para encontrar uma solução, mas mostra também a forma como a tecnologia evoluiu e como foi essencial a partilha de conhecimento entre cientistas de todo o mundo.
A própria tecnologia usada no desenvolvimento das vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna é um exemplo de inovação.
Enquanto as vacinas tradicionais usam vírus enfraquecidos ou fragmentos de proteínas virais, que são injetados no nosso corpo para ensinar o sistema imunitário a reconhecer e a combater um invasor, estas usam o chamado mRNA, ou código genético do vírus.
Na prática, o corpo produz e combate a proteína viral, sem necessidade de ter recebido o próprio vírus (ou as suas proteínas) para conseguir criar anticorpos. Esta técnica inovadora poderá ser usada noutras vacinas e, até, para impedir a transmissão de doenças hereditárias. Ou seja, pode ser a resposta para outros problemas de saúde.
A resposta aqui seria outra pergunta: onde não se aplica? A tecnologia está presente em praticamente todos os aspetos da saúde: exames, interpretação de dados, diagnóstico, tratamento e gestão hospitalar, mas também na própria relação entre médicos e doentes, através, por exemplo, da telemedicina ou telemonitorização.
Vejamos alguns entre milhões de exemplos que todos os dias, mesmo sem nos apercebermos, provam que a tecnologia está em todo o lado.
No Brasil, um hospital de São Paulo usa um sistema que recorre a algoritmos que detetam situações clínicas na análise de imagens e alertam os médicos. Este é apenas um exemplo do que já se vai fazendo pelo Mundo fora.
Em Portugal, o sistema HVITAL é capaz de ler milhões de registos hospitalares, “percebendo” o risco de deterioração do estado de saúde dos pacientes e recomendando, por exemplo, a transferência para uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). Ganha o doente, os médicos e enfermeiros (que podem agir mais rapidamente) e a própria gestão das necessidades do hospital (por exemplo, em termos de blocos operatórios ou UCI) torna-se mais eficiente.
A introdução de sistemas de rastreamento na triagem de doentes ou nos medicamentos são outros exemplos de como a evolução tecnológica pode melhorar os cuidados hospitalares.
A tecnologia é também usada em aplicações que permitem monitorizar o estado de saúde de pessoas que vivem sozinhas ou, até, usar um telemóvel ou um tablet para, em casa, complementar sessões de fisioterapia.
Pense na última vez que recorreu a um serviço de saúde e encontrará, certamente, mais exemplos da implantação da tecnologia na saúde.
O impacto da inovação tecnológica na saúde faz-se sentir, quer pelos seus beneficiários mais diretos, os utentes, quer pelos próprios profissionais de saúde. Destacamos algumas das principais vantagens e desvantagens já sentidas na área.
A tecnologia permite, como vimos, antecipar necessidades, analisar dados rapidamente, aumentar a eficiência na gestão e prestação de cuidados de saúde e, o mais importante, salvar vidas.
A inovação tecnológica tem, também, um grande impacto económico. Um estudo da Católica Porto Business School, encomendado pela “Connected Healthcare”, analisou, partindo de quatro estudos de caso, o impacto da conectividade, digitalização, automação inteligente e reorganização dos processos clínicos nas contas do SNS.
Redução de risco clínico, melhor utilização de recursos disponíveis e o aumento da qualidade do serviço são algumas das vantagens apontadas pelo estudo, caso estes mecanismos e tecnologias fossem implementados no SNS. Quanto ao impacto económico, e tendo em conta apenas os quatro casos estudados, seria de “60 milhões de euros anuais de benefícios para o setor público”.
A maior eficiência na utilização dos recursos humanos, nomeadamente médicos e enfermeiros, é outro dos benefícios indicados.
Basta pensar nas teleconsultas para se encontrar uma das desvantagens da tecnologia. Quantos pacientes não recorrem a este serviço porque consideram que falta contacto humano? E quantos não o fazem porque simplesmente não têm, ou não sabem, como aceder à internet?
A utilização da tecnologia não é ainda universal e, por rejeição ou por desconhecimento, pode excluir pessoas - e até nações menos desenvolvidas. E isto é, claramente, uma desvantagem.
O excesso de confiança na tecnologia pode também ser um obstáculo à saúde. A Medicina ainda não cura tudo e, por isso, todos temos de fazer a nossa parte, seja na adoção de comportamentos saudáveis, seja na atenção aos sinais que o nosso corpo nos vai dando. Se algo não está bem, vá ao médico. Não deixe de fazer exames de rotina, mesmo quando se sente saudável.
Outra desvantagem óbvia é que os computadores são competentes, mas não são pessoas. Por isso, não têm a experiência e a intuição dos médicos. E, muitas vezes, são estas qualidades tão humanas que acabam por salvar vidas. Ainda assim, é desta colaboração entre “homem e máquina” que têm nascido grandes inovações.
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