Se costuma ir ao supermercado ou abastecer o automóvel com combustível, já deve ter sentido o aumento dos preços. Saiba o que é a inflação, quais as suas causas e como combatê-la no dia a dia.
Gerir as suas finanças em tempos de inflação pode ser desafiante. No entanto, existem medidas que pode tomar para evitar que este fenómeno prejudique as suas poupanças.
De forma simples, é o aumento geral dos preços. Numa economia de mercado, os preços estão sujeitos a variações: uns sobem, outros descem. Quando se verifica um aumento geral dos preços dos bens e serviços, significa que estamos em inflação. Ou seja, com cinco euros compra menos produtos hoje do que comprou ontem.
Por regra, é um fenómeno temporário que surge quando as economias transitam de um período de contração para um momento de expansão. É temporário, desde que os preços reduzam quando a oferta alcança a procura.
Existem três principais motivos que podem estar associados à inflação:
Lei da oferta e da procura
Se a procura for maior do que a oferta de um produto, o seu preço aumenta. Se a população tiver mais disponibilidade para comprar, há um aumento súbito da procura que geralmente não é acompanhado pela oferta, o que eleva os preços e intensifica a inflação. O mesmo acontece quando existe uma rutura nas cadeias de abastecimento, que origina uma quebra na produção e existe menos oferta disponível.
Aumento dos custos de produção
Se as empresas tiverem um aumento rápido no custo de produção - porque, por exemplo, o preço das matérias-primas incrementa, têm de pagar mais impostos ou há excesso de dívidas -, isso irá refletir-se nos preços ao consumidor e a inflação sobe.
Excesso de dinheiro na economia
Quando existe mais dinheiro a circular e a população está mais disponível para gastar, existe a tendência para uma subida generalizada dos preços.
Desde finais de 2021 que os preços aumentaram, consecutivamente tendo atingido o pico máximo de 10,1% em outubro de 2022. Desde então a inflação tem vindo a descer e registou uma forte desaceleração no mês de outubro de 2023, caindo para 2,1%. Segundo o INE, esta redução pode ser explicada pela desaceleração dos preços ao “efeito de base associado aos aumentos mensais de preços registados em outubro de 2022 nos produtos alimentares (2,1%) e nos produtos energéticos (6,7%), com destaque para o gás natural (77,4%)”.
A inflação, que é um evento mundial, deve-se a três fatores:
“Aos níveis que vivemos hoje em dia, a inflação pode ser bastante nociva, pois começa a ficar incorporada nas decisões dos consumidores e decisores e, se não acabarmos com este ciclo vicioso, irá criar perturbações grandes na economia”, explica Pedro Melo e Castro, especialista em Poupança e Investimentos do Santander. Isto acontece por duas vias:
Por este motivo, “os bancos centrais estão, de forma sincronizada e global, a querer controlar este fenómeno, no sentido de acalmar a procura”. As medidas que estão em cima da mesa passam por reduzir grande parte dos estímulos que estavam na economia devido à pandemia e aumentar as taxas de juro diretoras, para arrefecer o consumo, estabilizando os preços. “É um trade-off entre querer induzir, no curto prazo, um abrandamento mais forte para controlar os preços ou pagar a fatura de termos inflação alta durante algum tempo, mais desemprego e menos poder de compra”, prossegue o especialista.
Num cenário extremo e prolongado, a inflação poderá, ainda, levar ao aumento do desemprego.
“Nem sempre”, explica Simão Ambrósio, especialista em Poupança e Investimentos do Santander, “mas não deve chegar aos valores atuais”.
Idealmente, é importante que exista inflação controlada, ou seja, cerca de 2%. Caso contrário, os preços podem estabilizar ou reduzir e a economia entra em deflação. Senão, vejamos o seguinte exemplo: se quiser comprar um automóvel e souber que os preços não irão aumentar nos próximos tempos, pode adiar a sua decisão de compra. “Ao fazê-lo, a empresa não vende e, se não vende, não paga aos colaboradores, podendo ter que despedi-los. Estes ficam sem dinheiro para consumir e a economia não circula”.
Ninguém gosta de perder dinheiro. E, num cenário de inflação, todos perdemos poder de compra se não tomarmos as medidas adequadas. Saiba como diminuir a inflação nas suas contas mensais, manter o poder de compra e não adiar objetivos.
Mais do que nunca é importante ter as suas contas mensais em ordem e o orçamento familiar é a ferramenta certa para conseguir fazê-lo. Se ainda não o faz, saiba como organizar as suas despesas e receitas neste artigo.
Porque é que o orçamento familiar é tão importante? “É uma ferramenta que ajuda as famílias a terem mais disciplina, controlarem os gastos, sabendo exatamente quanto dinheiro entra e sai todos meses”, afirma Pedro Melo e Castro.
Reduzir as despesas pode não estar ao alcance de todos, mas para aqueles que o conseguem, as vantagens podem ser imensas. Ao ajustar o seu estilo de vida e diminuir as suas despesas em tempos difíceis, poderá enfrentar melhor as dificuldades, preservar as suas economias e obter uma sensação de paz financeira.
Em tempos de inflação elevada, a poupança e o investimento têm importância acrescida e devem ser olhados com uma perspetiva diferente: são as ferramentas que permitem que não perca poder de compra pela via do aumento de preços.
Assim, deve procurar que, no conjunto, os seus investimentos tenham rentabilidade acima da inflação e, se necessário, alocar o seu património de forma diferente.
Embora estas estratégias possam não ser simples de implementar, são essenciais para a manutenção do seu estilo de vida e cumprir objetivos definidos. Se tem dúvidas sobre produtos para investir em tempos de inflação, procure informar-se e obtenha o apoio que necessita.
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