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Crise energética: o que é e o que podemos fazer

18 nov 2022 | 5 min de leitura

Tem ouvido falar muito da crise energética? Saiba o que é e quais as recomendações para poupar energia.

Crise energética

Todos temos sentido no bolso as consequências da crise da energia. Desde 2021 que os preços da eletricidade e do gás natural em Portugal (e no resto da Europa) têm vindo a aumentar, na sequência da flexibilização das restrições impostas pela pandemia, da guerra na Ucrânia e da decisão da Rússia de suspender o fornecimento de gás a alguns Estados-Membros da União Europeia (UE).

 

A juntar a estes fatores, as ondas de calor durante o verão de 2022 exerceram uma pressão adicional sobre os mercados, provocando um aumento da procura de energia para arrefecimento e uma diminuição do armazenamento devido à seca e à consequente redução da oferta de energia hidroelétrica.

 

Explicamos, de seguida, o que é a crise energética e quais as recomendações para poupar energia.

 

 

Crise energética: o que é?

“A situação de crise energética caracteriza-se pela ocorrência de dificuldades no aprovisionamento ou na distribuição de energia que tornem necessária a aplicação de medidas excepcionais destinadas a garantir os abastecimentos energéticos essenciais à defesa, ao funcionamento do Estado e dos sectores prioritários da economia e à satisfação das necessidades fundamentais da população”, de acordo com a definição que consta no Decreto-Lei n.º 114/2001.

 

Estas dificuldades podem resultar de acontecimentos provocados por ação do homem ou da natureza, ocorridos dentro do País ou fora dele, designadamente em países membros de organizações internacionais em que Portugal se insere.

 

Por outras palavras, fala-se em crise energética quando a produção de energia não é suficiente para responder às necessidades da população, o que pode resultar em racionamento de energia.

 

 

Consequências da crise energética em Portugal

Quando a energia não é suficiente para atender às necessidades da população, afeta:

 

  • A conta da energia. É a lei da oferta e da procura. Se não existir oferta de energia suficiente para responder à procura da população, o preço que paga pela mesma será superior. O que se tem sentido nos últimos meses

 

  • A qualidade de vida da população. Numa sociedade altamente dependente da energia, a falta de eletricidade ou gás natural pode resultar em falta de conforto térmico, nomeadamente excesso de frio no inverno ou de calor no verão

 

  • O preço dos bens de consumo e serviços. A crise energética também se reflete na ida ao supermercado, uma vez que as empresas pagam mais para produzir e distribuir os seus produtos, o que encarece os bens alimentares e não alimentares.

 

 

O que causa o atual aumento dos preços da energia?

Vários fatores contribuíram para o aumento dos preços desde 2021:

 

  • Aumento dos preços do gás nos mercados mundiais e na União Europeia

 

  • Condições climáticas extremas, nomeadamente as ondas de calor no verão em toda a Europa, que fazem aumentar a procura de energia para arrefecimento e a pressão sobre a produção de eletricidade

 

  • Acréscimo da procura de gás natural liquefeito e a subida acentuada do seu preço

 

  • Aumento do consumo de gás na Ásia devido à recuperação económica

 

  • Escassez da produção de eletricidade nuclear e hidroelétrica, em parte relacionada com as condições climáticas.

 

 

O que está a ser feito pela União Europeia e como os cidadãos podem contribuir?

Para dar resposta à crise energética atual, a União Europeia apresentou o Plano REPowerEU, que pretende reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos e acelerar a transição energética na UE. Este plano foca-se em três aspetos:

 

  • Aumentar a produção e utilização de energias renováveis
  • Incentivar à poupança energética por parte dos Estados, cidadãos e empresas
  • Diversificar as fontes de energia, por forma a estar menos dependente da Rússia.

 

Nesta fase, os cidadãos podem contribuir com ações de poupança energética que tenham um impacto positivo nos preços, reduzindo diretamente as faturas de energia, tornando a economia mais resiliente e acelerando a transição da UE para as energias limpas.

 

 

Dicas para poupar energia elétrica e gás natural

Para combater a crise energética em Portugal, o Governo apresentou o plano de poupança de energia 2022-2023, que deve ser implementado ao longo dos próximos meses pela Administração Central. Este documento, elaborado pela Agência para a Energia (ADENE), contém medidas de redução para as áreas da energia, eficiência hídrica e mobilidade. As recomendações para cidadãos e empresas são as seguintes:

 

Reduzir o consumo de energia relacionado com iluminação interior e exterior

 

  • Desligar iluminação interior de carácter decorativo a partir das 22h00 no período de inverno e a partir das 23h00 no período de verão

 

  • Desligar iluminação exterior decorativa a partir das 24h00

 

  • No período do Natal (de 6 de dezembro de 2022 a 6 de janeiro de 2023) ajustar os períodos de utilização da iluminação natalícia para o horário entre as 18h00 e as 24h00

 

  • Desligar iluminação interior sempre que o espaço não esteja em uso

 

  • Promover a utilização de luz natural, através dos vãos envidraçados, clarabóias ou tubos de luz, reduzindo a iluminação acesa

 

  • Adequar a intensidade da iluminação às necessidades dos utilizadores dos espaços e adaptar os horários de iluminação de acordo com taxa de utilização e ocupação, com exceção da iluminação de emergência.

 

Se tiver disponibilidade para investir…

 

  • Implementar sistemas de gestão para a racionalização do consumo

 

  • Substituir iluminação interior/exterior por iluminação de tecnologia LED de alto desempenho energético ou a instalação de reguladores (dimmers) de fluxo luminoso de sistemas luminotécnicos.

 

Reduzir o consumo energético na climatização de espaços

 

  • Regular as temperaturas dos equipamentos de climatização interior, para o máximo de 18°C no inverno e o mínimo de 25°C no verão

 

  • Manter as portas e janelas fechadas em espaços com climatização, que tenham entrada direta para a rua

 

  • Desligar sistemas de aquecimento a gás ou do tipo ar-condicionado/bombas de calor em espaços do tipo esplanada (exteriores e interiores)

 

  • Desligar os sistemas de climatização durante os períodos sem ocupação.

 

Aumentar a eficiência hídrica

 

  • Reduzir o tempo de água corrente e adequar a temperatura da água do sistema de aquecimento à estação do ano

 

  • Reduzir a quantidade de água utilizada na lavagem de pavimentos

 

  • Reduzir o número de lavagens de veículos

 

  • Reduzir o consumo de água nos sanitários através da adoção de mecanismos de descarga dupla e diminuição do volume disponível dos reservatórios.

 

Reduzir o desperdício de água na rega de espaços exteriores

  • Programar a rega para horários de menor evaporação, ligando-as depois das 20h00 no período de verão e das 17h00 no período de inverno

 

  • Corrigir a orientação dos dispositivos de água colocados em jardins, de forma a eliminar desperdícios de água

 

  • Promover os sistemas de gota a gota com sensores de humidade

 

  • Aproveitar águas pluviais ou de outras proveniências para regas e lavagens, sempre que possível

 

  • Preferir plantar espécies com baixa necessidade de rega, apropriadas ao clima e terra.

 

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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