Costuma experienciar episódios de taquicardia, palpitações ou enjoos? É possível que sejam sintomas de crise de ansiedade. Saiba como reconhecer e controlar estes momentos.
A ansiedade nem sempre é patológica. Trata-se de um processo neurobiológico cujo objetivo é proteger-nos. Por isso, não deve assustar-se se, pontualmente, experienciar esta emoção. O problema surge quando os episódios se tornam muito intensos e comprometem o bem-estar do indivíduo (no fundo só é doença quando isto acontece). Seria capaz de reconhecer os sintomas e saber se está a ter uma crise de ansiedade? Neste artigo explicamos como fazê-lo.
Comecemos pelo princípio. Segundo o DSM-5 - Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais da American Psychiatric Association (manual internacional pelo qual a comunidade médica se rege para diagnóstico de doenças e perturbações da saúde mental), a ansiedade é a “antecipação de ameaça futura” e está “frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva”.
Algum grau de ansiedade pode ser positivo e contribuir para se preparar para determinado momento mais sensível. A partir da altura em que causa disfunção, já pode ser considerada um transtorno.
Os sintomas podem dividir-se em leves ou intensos. Reconhecendo os sintomas mais leves, podemos aprender a controlá-los e a prevenir episódios mais intensos, conhecidos como crises ou ataques de ansiedade (cujos sintomas veremos mais à frente).
Os sintomas psicológicos são:
Os sintomas físicos são:
Os sintomas da ansiedade podem conduzir a pensamentos negativos, por vezes culminando num ataque de pânico, em que os sintomas são muito intensos e incapacitantes. Por isso, é importante conhecê-los, saber que são passageiros e não empolar os seus efeitos.
As crises geralmente ocorrem entre a adolescência e a idade adulta jovem, mas também são comuns na população adulta e idosa.
Surgem quando se sente demasiado ansioso, de forma desproporcional, em antecipação a um momento que considera de risco. Por exemplo, talvez tenha um exame dentro de um mês e durante esse tempo pensa em como vai correr mal, deixando-o com uma sensação permanente de angústia.
Nestas alturas, surgem sentimentos intensos como a preocupação, euforia, medo ou angústia - muitas vezes combinados -, o que causa mal-estar físico e psicológico.
Perante uma reação ansiosa a amígdala cerebral entra em hiperatividade e reage de forma desproporcional ao perigo que a situação realmente representa. O resultado é a libertação de hormonas relacionadas com o stress, como a adrenalina, noradrenalina ou cortisol.
Além disso, diante de uma reação ansiosa o nosso neocórtex, que gere os eventos conscientes, poderá ser afetado, nomeadamente porque o fluxo de sangue diminui. Por isso, não é capaz de modular a amígdala, como faria em situações “normais”.
Pode existir uma predisposição genética para o desenvolvimento da ansiedade, mas as componentes sociais, familiares ou laborais influenciam o seu surgimento. Por isso, quem sofre habitualmente de stress está mais vulnerável a estas manifestações.
Uma crise de ansiedade pode ser desencadeado devido a:
Os sintomas de uma crise de ansiedade e de um ataque de pânico são idênticos. A saber:
Os ataques de pânico são episódios isolados, súbitos e limitados, com duração de 15 a 30 minutos, de medo intenso, na ausência de perigo real. Os sintomas são idênticos aos de uma crise de ansiedade, mas existem algumas diferenças nestes dois transtornos:
Conseguir identificar os sintomas é o primeiro passo para saber como aliviar uma crise de ansiedade. Se começar a sentir algum dos sinais acima referidos, conheça quatro dicas que podem ajudar a controlar estes momentos.
O ritmo da sua respiração é essencial para relaxar o sistema nervoso e aprender a controlar a ansiedade. Concentre-se na sua respiração e procure fazer respirações abdominais profundas. A respiração deve ser lenta, enchendo o abdómen (e não o peito) e com uma prolongada expiração. Este é o tipo de respiração que se treina no yoga.
Este é mais um método simples, mas também muito eficaz para se acalmar. As ideias mais simples podem ser suficientemente poderosas para acalmar a sua mente. Neste caso, recomenda-se ter uma ideia já trabalhada, que seja útil para que os seus pensamentos se desviem daquilo que o está a deixar alterado.
Um exemplo é recitar alto uma lista, já preparada, dos seus animais preferidos, das suas viagens, países prediletos ou da comida de que mais gosta. Também pode pensar na sensação de abraçar uma pessoa que lhe é querida, ou pensar nas pessoas que o amam.
Imagine-se numa situação relaxada, por exemplo num lugar em que já se encontrou em paz: um parque, um bosque, uma praia… Se as suas crises estão ligadas a uma situação concreta, deve consultar um profissional e, com ele, treinar a visualização positiva, para ajudá-lo a enfrentar a tempestade com a calma necessária.
Há momentos que são incontornáveis. Por exemplo, se tem um exame que o está a deixar ansioso, não deve deixar de fazê-lo. Nesta situação, é aconselhável que procure apoio médico para a ajudá-lo a enfrentar a tarefa. No entanto, se existem situações ou temas que já sabe que espoletam uma crise, é aconselhável que tente evitá-los. Mais uma vez, é importante que não deixe estas emoções controlarem a sua vida, por isso, a ajuda profissional é de extrema importância.
Gostava de saber o que fazer quando alguém tem uma crise ? Deixamos-lhe algumas dicas:
Agora que já tem as ferramentas necessárias para saber como identificar e diminuir uma crise de ansiedade, relembramos a importância de consultar um psicólogo ou psiquiatra da sua confiança. Este poderá ajudar a personalizar estas práticas e a ser constante no esforço para vencer este problema. Se tem um seguro de saúde, pode marcar uma consulta e encontrar a ajuda de que necessita.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
O que achou deste artigo?
Queremos continuar a trazer-lhe conteúdos úteis. Diga-nos o que mais gostou.
Agradecemos a sua opinião!
A sua opinião importa. Ajude-nos a melhorar este artigo do Salto.
Agradecemos o seu contributo!