bem-estar

As consequências da seca extrema em Portugal

23 nov 2022 | 5 min de leitura

As consequências da seca afetam a economia, a saúde e a produção de energia. Mas com pequenas ações pode fazer a sua parte e poupar até 30% de água em casa.

Consequências das secas

Durante grande parte do ano de 2022, quase todo o território português esteve entre a seca severa e a seca extrema. Este fenómeno, considerado pelas autoridades como o pior do último século em termos de ausência de chuva, trouxe consequências graves para a saúde, a alimentação, a economia e a agricultura.

 

 

Seca: causas e consequências

O que é a seca?

É uma catástrofe natural que se define por um período de persistência anómala de tempo seco, devido a precipitação insuficiente. Tem como consequência principal a redução da disponibilidade de água, o que se repercute nos ecossistemas, nas atividades socioeconómicas (como a agricultura e a pecuária) e no fornecimento de água.

 

Contudo, o seu início é imprevisível e só se torna percetível quando estas consequências já são visíveis em albufeiras sem água ou em terrenos secos, por exemplo. Em Portugal, a Proteção Civil começa a analisar a possibilidade de ocorrência de seca a partir de fevereiro ou março de cada ano. As operações de apoio, em caso de necessidade, são planeadas para os meses mais quentes e até finais de setembro.

 

Que tipos de seca existem?

Existem quatro tipos de seca, que se definem pelos impactos nas atividades socioeconómicas e ambientais. Assim:

 

  • A Seca Meteorológica está relacionada com a falta de chuva em relação ao que seria o normal para um conjunto de meses

 

  • A Seca Agrícola ocorre quando existe um desequilíbrio entre a água disponível no solo, a necessidade das culturas e a transpiração das plantas

 

  • A Seca Hidrológica verifica-se quando há redução do nível médio de água disponível em albufeiras, lagoas ou outros reservatórios e diminuição de água no solo. Segundo o Instituto Português da Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), este tipo de seca costuma estar desfasado da seca meteorológica e agrícola, porque é necessário um período maior para que as deficiências na precipitação se manifestem

 

  • A Seca Socioeconómica define-se pelos impactos naturais e sociais que resultam da falta de água e do desequilíbrio gerado entre o fornecimento e a procura.

 

Quais as consequências da seca?

A seca representa uma das maiores ameaças humanas e tem consequências em várias áreas, das quais podemos destacar:

 

Saúde

Tem impacto negativo para a saúde humana, porque escasseia a água para beber ou para a sua higiene básica, o que evita doenças como cólera ou febre tifóide.

 

Economia

Em cenários desta natureza, os agricultores são obrigados a adaptar as culturas e áreas cultivadas à água disponível, reduzindo a quantidade das colheitas e a rentabilidade que daí retiram. Na pecuária, os animais têm menos pastagens disponíveis e encontram os reservatórios secos.

 

Energia hidroelétrica

A produção de energia hidroelétrica - uma das principais fontes de energia renovável em Portugal - fica condicionada pela indisponibilidade de água. De tal forma que a União Europeia colocou Portugal em quinto lugar na lista de risco de pobreza energética, devido ao cenário de seca prolongada e que pode conduzir a preços de energia incomportáveis.

 

 

Como minimizar os efeitos da seca?

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa precisa de 110 litros de água por dia para tomar banho, lavar os dentes e fazer outras atividades domésticas. Contudo, segundo um estudo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a média de consumo em Portugal é de 189 litros por pessoa por dia. Para esta análise, a APA contabilizou o consumo doméstico mas também o de outros setores da economia, como o agrícola.

 

As primeiras ações começam, portanto, por um comportamento mais consciente. Com gestos simples é possível poupar 30% de água em casa e contribuir para a prevenção das secas. Estas são algumas ações que que pode e deve tomar nas várias divisões da sua casa:

 

Na casa de banho

 

  • Ao lavar os dentes ou barbear-se, feche a torneira
  • Tome duches mais curtos, já que em apenas 2 minutos desperdiçam-se 40 litros
  • Enquanto espera que a água do duche aqueça, recolha o excedente para um recipiente. Pode depois usar noutras tarefas domésticas, como lavar a loiça e roupa à mão ou usar na sanita
  • Descarregue o autoclismo apenas quando for necessário
  • Para incentivar os mais novos a pouparem água, promova jogos em que vence quem tomar o banho mais rápido ou aquele que se lembrar de fechar a torneira enquanto escova os dentes
  • Reduza o caudal, fechando ligeiramente as torneiras de segurança.

 

Na cozinha

 

  • Procure eletrodomésticos que consomem menos água e opte pelos programas ecológicos
  • Faça programas nas máquinas de loiça e roupa apenas com carga completa
  • Reserve água para lavar a loiça à mão; não o faça com água a correr. E reaproveite para as sanitas
  • Utilize dispositivos mais eficientes, como torneiras e chuveiros com redutores de caudal. Como saber quais os melhores? A Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP) criou um sistema que define os produtos em função da sua eficiência hídrica
  • Verifique se existem fugas nas torneiras e tubagens
  • Guarde também a água para lavar as frutas e legumes para regar as plantas.

 

No exterior (jardim e as atividades agrícolas)

  • Verifique se existem fugas na mangueira
  • Evite lavar o automóvel com a mangueira e procure uma lavagem automática, onde o consumo é mais controlável e eficaz
  • Aproveite as águas pluviais, que podem substituir a potável em algumas situações de rega
  • Não regue as plantas nas horas de maior calor, evitando assim a evaporação rápida da água. Manhãs e noites são as alturas do dia ideais
  • Opte por plantas que necessitam menos água e que sejam endógenas. Por exemplo, a casca de pinheiro ajuda a conservar a humidade da terra, pelo que pode utilizá-la para cobrir a terra nos vasos e canteiros
  • Evite desperdícios. Opte por colocar os aspersores de rega o mais próximo possível das culturas e evite regar quando a velocidade do vento ultrapassa os 20 km/h, que pode dispersar a água
  • Faça a manutenção frequente dos equipamentos, como mangueiras e aspersores.

 

 

 

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