família

Voluntariado internacional: o que é e onde encontrar oportunidades

22 jun 2022 | 9 min de leitura

Aos 28 anos, Caetana decidiu ir trabalhar para um campo de refugiados na Grécia e a sua vida mudou para sempre. Se gostava de participar num projeto de voluntariado internacional, inspire-se na sua história.

pessoas a limpar campo

Há alturas da vida em que precisamos de parar e refletir. Em 2021, Caetana Luz, de 29 anos e educadora de infância de profissão, fez as malas e foi um mês e meio para Lesvos, na Grécia, fazer voluntariado internacional para um campo de refugiados. “Adoro a minha profissão, mas cheguei a um ponto que percebi que gostava de fazer outras coisas”, conta.

 

Trabalhar com refugiados surgiu de forma quase orgânica, pois já fazia voluntariado em Lisboa, na Lisbon Project, uma organização que ajuda refugiados e emigrantes a integrarem-se em Portugal. “Escolhi ir para a Grécia porque estava muito ligada ao tema dos refugiados, lia muitas histórias e quis dar o meu contributo”.

 

 

Um espaço seguro para refugiados

Depois de muita pesquisa, candidatou-se à organização One Happy Family, que tem um centro comunitário a 10 minutos do campo de refugiados, na ilha grega de Lesvos - um importante ponto de passagem para pessoas que fogem de guerras e crises no Médio-Oriente e África. Aqui, os refugiados tinham vários serviços ao seu dispor, sendo o principal uma loja online (totalmente gratuita) onde podiam ir buscar produtos de higiene pessoal (champô, sabão ou toalhitas) e alimentos (arroz, óleo ou massas).

 

Além disso, a One Happy Family disponibiliza um espaço para crianças dos dois aos sete anos (The Nest), onde podem brincar num ambiente estruturado e seguro. Para as mães que acompanham as crianças, a organização oferece um local próprio, o Woman’s Space, onde há ateliers de costura, manicure ou cabeleireiros, assim como um café, onde se serve chá, café ou sumo de laranja. Há também um barbeiro e uma costureira. “Era um sítio seguro, onde as famílias podiam ter momentos de lazer, mas também tínhamos aulas de inglês ou de grego, por exemplo”, conta Caetana Luz.

 

 

Voluntariado internacional: o que é?

Trata-se de uma modalidade de voluntariado na qual os voluntários contribuem com seu tempo para trabalhar para organizações de voluntariado ou causas fora dos seus países de origem. O objetivo é ajudar o desenvolvimento desse país e comunidade, mas também contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional.

 

 

A importância do voluntariado internacional

Além de ajudar a fazer a diferença nas comunidades locais, o voluntariado internacional é uma poderosa ferramenta de aprendizagem cultural, crescimento e transformação. “Em termos profissionais ganhamos sempre competências de trabalho sob pressão, de responder a desafios novos todos os dias, trabalho em equipa, capacidade de liderança e de convivência com culturas completamente diferentes”, revela a educadora de infância.

 

No entanto, é ao nível pessoal que as principais mudanças ocorrem. “Foi uma experiência que me mudou a vida. Conhecer estas pessoas e as suas histórias foi mesmo inesquecível. Podemos ler os jornais ou seguir o tema nas redes sociais, mas quando as conhecemos e estabelecemos uma relação de amizade é diferente”, explica Caetana, acrescentando que, quase um ano depois, continua a manter contacto quase diário com os refugiados que conheceu na organização.

 

Esta experiência foi o empurrão que necessitava para mudar de vida. “Quando voltei, em setembro, decidi que queria tentar aliar estes dois mundos: ser educadora de infância num contexto de ação humanitária”. Avisou a escola onde trabalha que este seria o último ano e, em setembro, voltará ao trabalho de voluntariado internacional, agora no Líbano, onde ficará quatro meses. “A minha ideia era mesmo encontrar trabalho numa organização e talvez regresse para a Grécia”, conclui.

 

6 vantagens desta experiência

  • Conhecer novas pessoas
  • Sentir realização pessoal
  • Ter uma experiência profissional valiosa (muito útil para jovens acabados de sair da universidade)
  • Fazer networking
  • Aprender uma nova língua
  • Trabalhar em equipa.

 

 

Os maiores desafios desta aventura

Nem tudo são rosas. É preciso saber lidar com os desafios diários e com o sentimento de impotência. “Percebemos que o impacto que temos na vida destas pessoas é micro. O contributo é diário: ajudamos a que tenham um dia um pouco melhor, mas às 17h, hora a que tinham que regressar ao campo de refugiados, voltavam para a sua realidade e nós seguíamos a nossa vida. Às vezes íamos para a praia, mas ficávamos sempre a pensar naquelas pessoas. Foi difícil lidar com este privilégio”, explica Caetana Luz.

 

Nestes momentos mais difíceis, os voluntários contavam uns com os outros. Caetana partilhava casa com voluntários de outras organizações e, com eles, dividia também estas angústias. “Esta troca ajudava-nos a ultrapassar os momentos difíceis e a ter energia. Aquelas pessoas estavam a passar por momentos difíceis, nós só tínhamos de as ajudar”.

 

Além disso, na organização havia psicólogos que falavam com os voluntários, se fosse necessário.

 

 

Como fazer voluntariado internacional (o que precisa de saber)

O primeiro passo para se tornar voluntário internacional é contactar organizações com as quais se identifique, confie e queira trabalhar. Mas há outros pormenores importantes que deve equacionar antes de tomar a decisão.

 

Escolha bem a organização

Pesquisar associações de voluntariado internacional não é tarefa fácil. É importante que tenha confiança no projeto e na forma como é gerido. Algumas perguntas que deve ver respondidas são:

 

  • Como é aplicado o dinheiro recebido?
  • O projeto é sustentável?
  • Tem impacto social?
  • A organização oferece apoio e mentoria adequada aos voluntários?

 

Se tem dúvidas faça perguntas. Fale com um representante, se necessário, para obter todos os detalhes.

 

“Estudem bem o local para onde vão e a organização, porque algumas não são de confiança", aconselha a educadora de infância. “Há tanta informação online, que às tantas podem sentir-se perdidos, por isso é muito importante falar com pessoas que já tenham estado no terreno. Pode dar uma sensação de segurança”.

 

1. Será que tem o que é preciso?

Ser voluntário internacional implica conceder o seu tempo e capacidades para o benefício de uma comunidade. Exige flexibilidade, paciência, respeito e uma boa dose de humildade. A maioria dos programas de voluntariado opera em países em desenvolvimento, onde nem sempre terá o conforto a que está habituado, mas onde existem muitas oportunidades de aprendizagem. É importante ter uma mente aberta, estar disposto a aprender e a sair da sua zona de conforto.

 

O que é preciso para fazer voluntariado?

Escolher um projeto que se adeque ao seu perfil é fundamental, mas existem outras formalidades que é preciso garantir. Por exemplo, terá que ter seguro de viagem, de saúde, informar-se sobre a vacinação obrigatória e, se for para fora da União Europeia, o passaporte. Nada melhor do que informar-se junto da associação sobre todos os pormenores.

 

 

2. O voluntariado internacional pode ser caro

Quanto custa a viagem para integrar um projeto de voluntariado internacional? Bem, a resposta a esta pergunta depende do projeto e da associação. Mas uma coisa é certa: não é gratuito. Quando estiver a fazer o orçamento contabilize o básico: bilhete de avião, alojamento, alimentação e outros recursos que possam ser necessários. Por isso, é importante planear e fazer o orçamento, para saber exatamente quanto dinheiro precisa e, se necessário, fazer uma poupança com esse objetivo.

 

Caetana Luz explica que o dinheiro para a viagem de voluntariado internacional saiu todo do seu bolso. “Tinha algumas poupanças, mas como era algo que eu queria muito, estabeleci como prioridade”. Assim que soube que tinha sido aceite marcou os voos e informou-se sobre o custo de vida na ilha. “O alojamento e alimentação no sítio onde estava eram muito baratos, porque desde que começou a crise dos refugiados a ilha saiu do roteiro”, recorda.

 

 

Voluntariado no estrangeiro: 8 organizações que deve conhecer

Damos-lhe a conhecer algumas organizações que promovem projetos de voluntariado, em áreas tão distintas como a ajuda humanitária ou a defesa do ambiente.

 

1. Vida Edu

É uma empresa portuguesa especializada em voluntariado ligado a projetos educativos no estrangeiro, que coloca candidatos em contacto com experiências de vida profundas. Os projetos têm a duração de uma a 12 semanas e vão desde áreas sociais à educação, saúde, bem-estar animal ou o ambiente.

 

2. GAP Year Portugal

É uma associação que tem como missão central “tornar o gap year numa possibilidade para todos os jovens em Portugal”, ou seja, permitir “uma pausa no percurso tradicional”, com o objetivo de sair da zona de conforto e viver experiências novas. Entre as oportunidades possibilitadas pela Gap Year estão diversas iniciativas de voluntariado internacional.

 

3. SVE

O Serviço Voluntário Europeu permite que os jovens até aos 30 anos possam participar em experiências no estrangeiro com uma duração de até 12 meses. As áreas são muito variadas, desde a cultura, desporto, serviço social, património cultural, arte, proteção civil, ambiente ou cooperação para o desenvolvimento.

 

4. ONU

O Programa de Voluntários das Nações Unidas “tem a missão de contribuir para a paz e o desenvolvimento por meio do trabalho em todo o mundo”, através do voluntariado anual de milhares de pessoas. Entre as áreas com maior procura encontram-se o desenvolvimento e gestão de projetos, direitos humanos, ciência política, relações externas, engenharias e saúde. Os candidatos devem ter mais de 25 anos e dois anos de experiência na área à qual se candidatam.

 

5. AMI

Para a Assistência Médica Internacional (AMI), os voluntários são uma peça central e determinante nas atividades que desenvolvem em todo o mundo. Nas missões de voluntariado médico internacional participam desde médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais ou engenheiros em ações que podem durar semanas, meses ou anos, em situações de guerra, de desastre natural, subdesenvolvimento e outros cenários de crise.

 

6. WWOOF

Trabalhar e aprender sobre formas sustentáveis de agricultura é o objetivo das atividades da rede WWOOF, em que quintas e hortas de todo o mundo recebem voluntários aptos a dedicar metade de cada dia partilhando os saberes e as práticas agrícolas com o anfitrião.

 

7. WWF

O Programa Internacional de Voluntariado da World Wide Fund for Nature permite trabalhar diretamente com uma equipa da organização em ações de conservação da natureza, por todo o mundo. As iniciativas podem decorrer numa “comunidade extremamente rural e isolada” ou no dia a dia do escritório, com algumas visitas de campo.

 

8. AIESEC

As experiências de voluntariado internacional da AIESEC visam contribuir, acima de tudo, para os objetivos do desenvolvimento sustentável. Existem projetos de quatro, seis ou oito semanas, em mais de 120 países, para jovens entre os 18 e os 30 anos.

 

 

Voluntariado para seniores

O voluntariado internacional não se destina apenas aos jovens. Recomenda-se, aliás, esta forma de participação social a quem vive o período da reforma, como forma de promoção de um envelhecimento ativo. Sugerimos, por isso, três plataformas que ajudam a encontrar oportunidades especificamente desenhadas para seniores.

 

1. Volunteering Solutions

A plataforma congrega iniciativas de voluntariado internacional em várias áreas, como o cuidado infantil, o ensino ou o desenvolvimento comunitário. Pode, ainda, encontrar opções de voluntariado familiar internacional, uma oportunidade de juntar a família numa viagem de solidariedade.

 

2. Fundação Calouste Gulbenkian

A instituição disponibiliza programas de voluntariado nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). As missões do Mais Valia duram, em média, dois meses e são dirigidas a pessoas com mais de 55 anos.

 

3. CESES

A experiência e o conhecimento de uma pessoa mais velha são uma mais-valia. Assim, a Confederação de Serviços de Especialistas Sénior Europeus propõe aos seniores que façam consultoria em regime de voluntariado, muitas vezes em missões no estrangeiro cofinanciadas pela União Europeia.

 

 

Voluntariado internacional remunerado

Apesar de a maioria dos projetos não ser pago, é possível encontrar voluntariado internacional remunerado. Ou seja, que oferecem apoio financeiro para as despesas (alojamento, alimentação e transporte). Pode encontrar oportunidades em:

 

 

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

O que achou deste artigo?

Queremos continuar a trazer-lhe conteúdos úteis. Diga-nos o que mais gostou.

Agradecemos a sua opinião!

A sua opinião importa. Ajude-nos a melhorar este artigo do Salto.

Salto Santander

Agradecemos o seu contributo!

Informação de tratamento de dados

O Banco Santander Totta, S.A. é o responsável pelo tratamento dos dados pessoais recolhidos.

O Banco pode ser contactado na Rua da Mesquita, 6, Centro Totta, 1070-238 Lisboa.

O Encarregado de Proteção de Dados do Banco poderá ser contactado na referida morada e através do seguinte endereço de correio eletrónico: privacidade@santander.pt.

Os dados pessoais recolhidos neste fluxo destinam-se a ser tratados para a finalidade envio de comunicações comerciais e/ou informativas pelo Santander.

O fundamento jurídico deste tratamento assenta no consentimento.

Os dados pessoais serão conservados durante 5 anos, ou por prazo mais alargado, se tal for exigido por lei ou regulamento ou se a conservação for necessária para acautelar o exercício de direitos, designadamente em sede de eventuais processos judiciais, sendo posteriormente eliminados.

Assiste, ao titular dos dados pessoais, os direitos previstos no Regulamento Geral de Proteção de Dados, nomeadamente o direito de solicitar ao Banco o acesso aos dados pessoais transmitidos e que lhe digam respeito, à sua retificação e, nos casos em que a lei o permita, o direito de se opor ao tratamento, à limitação do tratamento e ao seu apagamento, direitos estes que podem ser exercidos junto do responsável pelo tratamento para os contactos indicados em cima. O titular dos dados goza ainda do direito de retirar o consentimento prestado, sem que tal comprometa a licitude dos tratamentos efetuados até então.

Ao titular dos dados assiste ainda o direito de apresentar reclamações relacionadas com o incumprimento destas obrigações à Comissão Nacional da Proteção de Dados, por correio postal, para a morada Av. D. Carlos I, 134 - 1.º, 1200-651 Lisboa, ou, por correio eletrónico, para geral@cnpd.pt (mais informações em https://www.cnpd.pt/).

Para mais informação pode consultar a nossa política de privacidade (https://www.santander.pt/politica-privacidade).