A estagflação é um fenómeno económico raro e preocupante, que combina inflação elevada, estagnação económica e aumento do desemprego.
A economia é cíclica, sendo habitual que os momentos de crescimento e de prosperidade sejam seguidos por períodos de contração financeira. No entanto, não é muito habitual assistir a fenómenos como o da estagflação. Mas, afinal, que conceito é este? É o que explicamos neste artigo.
Para haver estagflação é preciso que, num mesmo período, haja uma combinação de três fatores:
O termo estagflação é uma combinação das palavras estagnação e inflação. Nasceu em 1965, quando Iain Macleod, membro do Partido Conservador britânico, usou a expressão para descrever a situação económica que o país atravessava. “Temos o pior dos dois mundos”, disse, durante uma sessão no Parlamento.
Alguns anos mais tarde, na década de 1970, o termo ganhou relevância devido a dois choques petrolíferos. Primeiro, em 1973, quando a Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (OPAEP) aumentou drasticamente os preços. Mais tarde, em 1979, a revolução no Irão originou quebras na produção e distribuição, e um consequente aumento dos preços.
A estagflação é um cenário raro porque combina fenómenos que, normalmente, acontecem em momentos diferentes dos ciclos económicos.
Por exemplo, em períodos de expansão económica e de crescimento do emprego é normal haver inflação. Porquê? O aumento dos salários e do poder de compra leva a um consequente aumento dos preços. Este aumento é, contudo, controlado e natural: tenta-se que ronde os 2%.
Por outro lado, em momentos de estagnação e recessão é expectável que a inflação diminua, como forma de estimular o consumo e acelerar a recuperação da economia.
Assim, num período de estagflação é muito importante equilibrar as políticas económicas que permitam ultrapassá-la.
Um dos mecanismos usados pelos bancos centrais para combater a inflação é o aumento das taxas de juro diretoras, que tem como objetivo abrandar o consumo e controlar os preços. Ora, a diminuição do consumo é, por norma, sinal de uma economia menos pujante, o que pode levar a subidas da taxa de desemprego.
Por aqui se vê que a gestão de uma situação de estagflação tem de ser feita com cautela, para que a tentativa de resolver um dos problemas não acabe por prejudicar em demasiado o outro.
Em fevereiro de 2022, quando muitos países iniciavam o caminho de recuperação pós-pandemia, a invasão russa da Ucrânia veio colocar um travão no otimismo que se começava a sentir.
A crise energética e os problemas nas cadeias de distribuição levaram a um aumento generalizado dos preços, que atingiu vários setores, dos combustíveis aos bens alimentares. A inflação bastante elevada não foi fruto de um crescimento económico natural, mas sim de fatores externos e imprevisíveis.
Assim, gerou-se uma preocupação sobre se podíamos estar, ou não, a caminho de uma situação de estagflação. Para perceber como está a situação em Portugal, saiba como tem sido o comportamento dos três indicadores em 2023.
Depois de ter atingido o valor recorde de 10,1% em outubro de 2022, a inflação tem vindo a baixar consecutivamente em Portugal. Em abril de 2023, foi de 5,7%, e as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para que seja de 5,6% no final do ano. Do lado do Governo, há a expectativa de que se fixe nos 5,1%.
A forma mais comum de medir o crescimento económico é olhar para os valores do Produto Interno Bruto (PIB). Para haver recessão é necessário que se verifique uma queda do PIB em dois trimestres consecutivos.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre este indicador dizem que, no primeiro trimestre de 2023, o PIB cresceu 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Quando a comparação é feita em relação ao último trimestre de 2022, o crescimento é de 1,6%.
Em relação às previsões para o final do ano, o Governo prevê que a economia cresça 1,8%. O FMI é mais otimista e estima que o crescimento seja de 2,6%.
No final do primeiro trimestre de 2023, a taxa de desemprego foi de 7,2%, o que reflete um aumento de 11% em relação aos últimos três meses de 2022.
Neste momento, Portugal não atravessa uma situação de estagflação, mas a imprevisibilidade da guerra na Ucrânia pode levar a alterações no comportamento de algumas destas variáveis.
Um dos problemas mais evidentes num cenário de estagflação é a perda de poder de compra. Uma vez que a economia está estagnada, a subida dos preços não é acompanhada por melhorias salariais.
Outra consequência da estagflação é o aumento da pobreza, que atinge mais facilmente quem já vive em situação de carência.
Por fim, a fraca atividade económica também atinge as empresas, que se veem obrigadas a despedir trabalhadores e até mesmo a fechar, levando muitas pessoas para o desemprego.
Não existem fórmulas mágicas para enfrentar uma situação de crise financeira. Ainda assim, estar bem preparado e reajustar comportamentos quando necessário é uma boa ajuda.
Poupar
Procure arranjar formas de poupar, por exemplo, reavaliando as despesas mensais. Desta forma, pode cortar em gastos que considera desnecessários ou, sobretudo, não essenciais.
Investir
Caso tenha investido em produtos de poupança, tente manter os reforços, para que possa colher os frutos mais tarde. É ainda importante que adote uma estratégia de investimento com uma rentabilidade acima da inflação, para evitar a perda de poder de compra.
Amortizar
Um dos mecanismos usados para controlar a inflação é a subida das taxas de juro por parte dos bancos centrais. Este aumento reflete-se nos juros que os bancos comerciais cobram aos clientes, por exemplo, no crédito habitação. Por isso, é provável que sinta este aumento na sua carteira. Assim, caso tenha disponibilidade financeira, procure amortizar algumas destas dívidas, começando por aquelas que cobram juros mais elevados.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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