finanças

Euribor: o que é e como a subida desta taxa o afeta

21 mar 2024 | 4 min de leitura

Se tem um crédito, por exemplo de habitação, deve saber o que é a Euribor e quais as consequências da alteração desta taxa para o seu bolso.

Euribor o que é e previsão para os próximos anos

Se tem menos de 30 anos, é possível que não se recorde daquele período - setembro de 2008 - em que as taxas Euribor atingiram o seu máximo histórico. A Euribor a 12 meses fixou-se nos 5,489%, a Euribor a 6 meses em 5,431% e esta taxa a 3 meses alcançou os 5,381%. Para muitas famílias portuguesas esta foi uma época conturbada, que culminou em sérios problemas de sobre-endividamento e deu origem a uma crise económica que se estendeu até aos primeiros anos da década de 2010.

 

Desde então, a Euribor seguiu um percurso decrescente, tendo chegado, nos últimos anos, a terreno negativo, o que representa um alívio financeiro para as famílias com créditos à habitação. No entanto, nos últimos meses, temos vindo a assistir à subida da Euribor, e o que isso representa para as famílias e para a economia. Quais as consequências desta subida? É o que explicamos de seguida.

 

 

O que é a Euribor?

Se não sabe o que é a Euribor e como se define, começamos por aí.

 

Em primeiro lugar, é importante lembrar que, na realidade, não existe uma taxa Euribor, mas sim cinco taxas de juro Euribor, cada uma com um prazo diferente:

 

  • Uma semana
  • Um mês
  • 3 meses
  • 6 meses
  • 12 meses

 

As Euribor (Euro Interbank Offered Rate) são taxas de juro de referência do mercado interbancário europeu. Por outras palavras, é o preço a que os bancos emprestam dinheiro entre si. Por exemplo: se o banco n.º 1 necessita de pedir emprestado ao banco n.º 2, este último cobra uma taxa de juro com base na taxa de referência.

 

Essa taxa de referência irá, depois, refletir-se em vários produtos financeiros, nomeadamente no crédito habitação com taxa de juro variável.

 

 

Como são determinadas as taxas Euribor?

Estas taxas são definidas diariamente pela Federação Europeia de Bancos. São obtidas através da média das taxas de juro praticadas por um painel de Bancos de primeira linha - os "prime banks" - que emprestam dinheiro entre si e apresentam diferentes valores consoante o prazo a que se referem.

 

Embora não sejam determinadas pelo Banco Central Europeu (BCE), qualquer alteração nos juros que este cobra para emprestar dinheiro aos bancos comerciais, tem impacto nas Euribor.

 

 

Qual o impacto da subida da Euribor na prestação do crédito habitação?

Tem um crédito habitação com taxa de juro variável? Neste caso, deve estar muito atento. A taxa de juro destes empréstimos resulta de duas componentes:

 

Euribor + spread

 

O spread é fixo e contratualizado com o banco quando subscreve o crédito. Já a parte relacionada com a Euribor oscila consoante o comportamento desta taxa. As Euribor com prazos de 3, 6 e 12 meses são as mais usadas em contratos de crédito habitação.

 

Isto significa que a sua taxa de juro irá mudar consoante o prazo escolhido. Por exemplo, a Euribor a 3 meses é revista a cada três meses e, no final deste tempo, a taxa de juro do crédito habitação altera tendo em conta a média da Euribor a três meses do mês anterior.

 

 

Porque é que a Euribor está a subir?

Em 2016, as Euribor a todos os prazos entraram em terreno negativo. Este comportamento foi influenciado pela política monetária definida pelo BCE que, após a crise financeira de 2008, fixou as taxas de juro cobradas aos bancos em valores negativos. O objetivo era incentivar as instituições financeiras a emprestar dinheiro a taxas mais baixas, para que pessoas e empresas pudessem fazer créditos mais baratos e, assim, dinamizar a economia.

 

No entanto, em fevereiro de 2022, o BCE admitiu que poderia subir as taxas de juro para travar a inflação na Zona Euro. Desde então, as taxas têm estado instáveis e desde maio que as principais Euribor entraram em terreno positivo. Em 2023 assistimos a uma subida constante das Euribor, tendo as Euribor a 6 e 12 meses alcançado os 4%. Porém, nos primeiros meses de 2024 a tendência está a inverter-se e já se pode observar um movimento de descida das taxas. Abaixo apresentamos as Euribor do último trimestre de 2023 e do primeiro trimestre de 2024.

 

Último trimestre de 2023

Mês Euribor 3M
Euribor 6M
Euribor 12M
01/12/2023
3,960% 4,004% 3,902%
01/11/2023 3,953% 4,081% 4,044%
02/10/2023 3,951% 4,138 % 4,198%

 

Primeiro trimestre de 2024

Mês Euribor 3M
Euribor 6M
Euribor 12M
02/01/2024 3,905% 3,861% 3,532%
01/02/2024 3,884% 3,832% 3,505%
01/03/2024 3,938% 3,912% 3,744%

Fonte: Euribor Rates

 

 

A minha prestação mensal está a subir. O que fazer?

Se a sua taxa de esforço já está no limite e o orçamento familiar não suporta a volatilidade da Euribor, existem algumas medidas que pode tomar, por forma a minimizar o impacto da subida da prestação mensal.

 

Fixar a taxa de juro

É uma das medidas mais recomendadas para fazer face a uma subida imprevista da prestação mensal. Ao fixar a taxa de juro do seu empréstimo habitação está a garantir que o valor que paga todos os meses se mantém igual e não oscila ao sabor da Euribor.

 

Para quem valoriza a segurança, esta pode ser uma solução adequada. No entanto, é possível que, numa primeira fase, a prestação com taxa fixa seja mais elevada do que se tiver um crédito indexado à Euribor. Porém, com a tendência de subida da Euribor, esta diferença pode dissipar-se.

 

Se pretende mudar da taxa variável para a taxa fixa tem duas hipóteses: renegociar as condições do seu contrato de crédito ou, em alternativa, procurar uma solução melhor noutro banco e pedir uma transferência de crédito.

 

Pedir um período de carência de capital

Pode negociar um período de carência de capital, ou seja, um prazo durante o qual não amortiza capital e apenas paga os juros. Durante esse prazo, ficará a pagar uma prestação mais reduzida. Mas é importante olhar para o reverso da medalha: quando o período de carência terminar, o valor que irá pagar por mês irá aumentar, pois a prestação já será composta por capital e juros. Além disso, acabará por pagar mais juros, pois não reduz o capital em dívida durante o prazo da carência.

 

Negociar o diferimento de capital ou valor residual

Através desta modalidade pode adiar o pagamento de uma parte do capital (por exemplo, 10% ou 20%) para a última prestação do empréstimo. A mensalidade fica mais reduzida, mas, em contrapartida, a última prestação será bastante elevada. Se optar pelo diferimento de capital, pagará mais juros no total, pois o capital em dívida reduz mais lentamente.

 

Aumentar o prazo do crédito

Se for possível, pode aumentar o prazo do empréstimo à habitação. A prestação fica mais reduzida, pois aumenta o tempo de pagamento do empréstimo, mas acabará por pagar juros durante mais tempo, o que significa que o custo total do crédito aumenta.

 

Lembramos, ainda, que devem ser respeitados os limites recomendados pelo Banco de Portugal, que define os seguintes prazos máximos, consoante a idade do mutuário:

 

  • Máximo de 40 anos para quem tiver menos de 30 anos
  • Máximo de 37 anos para aqueles que têm entre 30 e 35 anos
  • Máximo de 35 anos a partir dos 35 anos de idade

 

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

O que achou deste artigo?

Queremos continuar a trazer-lhe conteúdos úteis. Diga-nos o que mais gostou.

Agradecemos a sua opinião!

A sua opinião importa. Ajude-nos a melhorar este artigo do Salto.

Salto Santander

Agradecemos o seu contributo!

Informação de tratamento de dados

O Banco Santander Totta, S.A. é o responsável pelo tratamento dos dados pessoais recolhidos.

O Banco pode ser contactado na Rua da Mesquita, 6, Centro Totta, 1070-238 Lisboa.

O Encarregado de Proteção de Dados do Banco poderá ser contactado na referida morada e através do seguinte endereço de correio eletrónico: privacidade@santander.pt.

Os dados pessoais recolhidos neste fluxo destinam-se a ser tratados para a finalidade envio de comunicações comerciais e/ou informativas pelo Santander.

O fundamento jurídico deste tratamento assenta no consentimento.

Os dados pessoais serão conservados durante 5 anos, ou por prazo mais alargado, se tal for exigido por lei ou regulamento ou se a conservação for necessária para acautelar o exercício de direitos, designadamente em sede de eventuais processos judiciais, sendo posteriormente eliminados.

Assiste, ao titular dos dados pessoais, os direitos previstos no Regulamento Geral de Proteção de Dados, nomeadamente o direito de solicitar ao Banco o acesso aos dados pessoais transmitidos e que lhe digam respeito, à sua retificação e, nos casos em que a lei o permita, o direito de se opor ao tratamento, à limitação do tratamento e ao seu apagamento, direitos estes que podem ser exercidos junto do responsável pelo tratamento para os contactos indicados em cima. O titular dos dados goza ainda do direito de retirar o consentimento prestado, sem que tal comprometa a licitude dos tratamentos efetuados até então.

Ao titular dos dados assiste ainda o direito de apresentar reclamações relacionadas com o incumprimento destas obrigações à Comissão Nacional da Proteção de Dados, por correio postal, para a morada Av. D. Carlos I, 134 - 1.º, 1200-651 Lisboa, ou, por correio eletrónico, para geral@cnpd.pt (mais informações em https://www.cnpd.pt/).

Para mais informação pode consultar a nossa política de privacidade (https://www.santander.pt/politica-privacidade).

 

Nova taxa fixa e novo spread

Para empréstimos pedidos só até 31/12.

Nova taxa fixa para habitação Nova taxa fixa para habitação